No dia 17 de janeiro de 2025, Belém, capital do Pará, se tornou o cenário de uma audiência pública crucial em defesa dos direitos humanos e da memória da população LGBTQIA+ na Região Norte do Brasil. Este evento, que reuniu ativistas, acadêmicos e representantes de movimentos sociais, teve como principal objetivo discutir as violações de direitos enfrentadas por essa comunidade ao longo da história.
Um dos grandes nomes dessa luta é Adamor Guedes, um ativista que, durante os anos 2000 em Manaus, se destacou ao presidir a Associação Amazonense de Gays, Lésbicas e Travestis. Adamor se dedicou a registrar crimes cometidos contra homossexuais, uma ação que exemplificava seu compromisso com a vida e a dignidade da comunidade LGBTQIA+. Infelizmente, sua trajetória foi interrompida em 2005, quando foi encontrado morto em seu apartamento, e até hoje, o caso permanece sem solução.
Outra figura emblemática é a travesti Ursula Maravilhosa, que ganhou notoriedade em 2019 ao ser fotografada desfilando em uma avenida de Porto Velho. Sua imagem viralizou nas redes sociais, alcançando até a drag queen RuPaul. Contudo, essa breve fama não garantiu a Ursula uma vida digna, e ela faleceu em 2021, vítima da Covid-19.
Essas histórias foram analisadas na pesquisa intitulada “Panorama das Violências e Violações Contra a População LGBTQIA+ na Região Norte do Brasil”, realizada pela professora Lauri Miranda Silva, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul. A pesquisa avaliou 54 dissertações e teses sobre o tema, ressaltando a importância de reconhecer e respeitar a memória de indivíduos cujas vidas foram marcadas por injustiças sociais.
Durante a audiência em Belém, um dos principais tópicos discutidos foi a criação do Grupo de Trabalho Interministerial Memória e Verdade LGBTQIA+. O objetivo desse grupo é abordar e expor as necessidades e direitos da comunidade LGBTQIA+, garantindo que suas histórias e sofrimentos não sejam esquecidos. Os dados apresentados revelam não apenas a falta de delegacias especializadas, mas também a falta de capacitação de profissionais que atendem a esse público, além de um quadro alarmante de violações de direitos humanos.
O presidente do Grupo de Trabalho, Renan Quinalha, enfatizou a importância de dar voz às vozes silenciadas, pois isso é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O relatório final, que será divulgado em 17 de maio, Dia de Enfrentamento à Violência contra as Pessoas LGBTQIA+, promete ser uma ferramenta valiosa nesse processo de luta por direitos.
Nesse contexto, a atuação do grupo se revela ainda mais relevante, com a recente prorrogação de suas atividades por mais 180 dias, visando garantir e efetivar os direitos da população LGBTQIA+ na história do Brasil. A luta por visibilidade, reconhecimento e direitos continua, e a memória dessas figuras importantes deve ser preservada e honrada.
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