A misoginia articulada em plataformas digitais se revela como um fenômeno crescente e alarmante, especialmente em tempos de polarização política. A série “Adolescência” ilustra a forma como a extrema direita se organiza em ambientes online, utilizando espaços como Discord, Telegram, Reddit, Facebook, Instagram e WhatsApp para disseminar discursos de ódio. Homens e meninos que se sentem desiludidos e ressentidos com suas vidas são frequentemente recrutados para participar de encontros e palestras que culpam feministas, movimentos LGBTQIA+ e mulheres pelo seu fracasso.
Essa retórica não apenas acirra a violência contra as mulheres, mas também os engaja em ações de agressão que podem variar desde o compartilhamento de conteúdo íntimo sem consentimento até a adesão a grupos extremistas como o Proud Boys. Recentemente, jornalistas que cobriram os eventos de 8 de janeiro de 2023 no Brasil se tornaram alvos de ameaças e ataques orquestrados nas redes sociais. Um caso emblemático foi o de Gabriela Biló, cuja reportagem sobre uma mulher que vandalizou a estátua do STF a tornou alvo de ataques misóginos.
Adriano Castro, conhecido como ‘Didi Redpill’, foi um dos que instigaram essa violência, responsabilizando a jornalista pelo destino da mulher condenada. A atividade jornalística, essencial para a democracia, é, segundo Castro, um alvo legítimo de ataques. O estudo “The Chilling: A Global Study On Online Violence Against Women Journalists”, publicado em 2022 pelo Centro Internacional para Jornalistas, destaca que a violência online contra mulheres jornalistas representa uma das ameaças mais sérias à liberdade de imprensa.
Esse tipo de violência visa silenciar e humilhar as jornalistas, causando danos psicológicos e destruindo suas carreiras. O relatório sugere que as grandes plataformas digitais devem mudar seus modelos de negócios para não lucrar com a propagação do ódio. É imperativo que haja responsabilidade e penalização para aqueles que cometem atos de violência online, especialmente em um contexto onde a liberdade de expressão e o respeito às mulheres são constantemente desafiados. A luta contra a misoginia digital é uma questão de direitos humanos e deve ser uma prioridade para toda a sociedade, especialmente para a comunidade LGBTQIA+, que frequentemente enfrenta interseccionalidades de opressão.
Diante desse cenário, é fundamental que todos nós nos unamos na defesa da liberdade de expressão e no combate à misoginia nas plataformas digitais, garantindo um espaço seguro e respeitoso para todos, independentemente de gênero ou orientação sexual.
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