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“Como a nova adaptação de ‘Queer’ de Luca Guadagnino reinterpreta o romance de Burroughs e desafia a narrativa convencional do amor”

A nova adaptação cinematográfica de Luca Guadagnino do romance “Queer”, escrito por William S. Burroughs em 1985, traz à tela uma narrativa rica em sensualidade, provação e uma estética única. O filme, embora exiba a marca registrada de Guadagnino de se alongar em sua duração, acaba por comprometer um pouco do impacto emocional que poderia gerar. Daniel Craig, interpretando o alter ego de Burroughs, Bill Lee, apresenta um personagem complexo: um expatriado americano vivendo em uma versão decadente do México dos anos 50, que se vê consumido por um romance com Eugene Allerton, interpretado por Drew Starkey.

A relação entre Bill e Eugene é retratada de forma lenta e contemplativa, evocando ecos da famosa obra “Morte em Veneza” de Thomas Mann. O espectador logo percebe que essa história de amor não terá um desfecho feliz, mas o filme não delineia claramente os contornos desse final, o que pode deixar o público com uma sensação de insatisfação. Para os fãs de Burroughs, a fidelidade do filme à sua obra e às suas experiências pessoais intensas, sejam elas químicas ou sexuais, será um ponto positivo, mas é inegável que “Queer” não se estabelece como uma obra que se satisfaça completamente em seus próprios termos.

Apesar das falhas, a habilidade de Guadagnino como cineasta é inegável. O filme é habitado por momentos de interesse que capturam a essência da época e da luta interna de seu protagonista. A interação entre Bill e Eugene ganha novos contornos quando eles se aventuram em uma jornada pelo meio da selva sul-americana, explorando a telepatia e o uso de alucinógenos sob a orientação de uma cientista excêntrica, interpretada por Lesley Manville. Essa parte do filme traz uma leveza necessária e um frescor que contrasta com a melancolia do restante da narrativa. Embora “Queer” tenha seus altos e baixos, sua ambiência intrigante e a empatia que suscita pelo protagonista, bem como os desafios da busca por conexão, ressoam fortemente com a audiência, especialmente com a comunidade LGBT que busca representações mais profundas e autênticas de suas experiências.

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