A nova produção de “Edward II”, uma peça de Christopher Marlowe, está em cartaz no renomado Royal Shakespeare Company (RSC) em Stratford-upon-Avon. Esta obra do século XVI gira em torno do rei inglês Edward II e seu relacionamento controverso com Piers Gaveston, seu “favorito” masculino. Embora escrita há mais de 430 anos, a peça ressoa de forma impressionante com questões contemporâneas sobre a sexualidade na realeza britânica. No contexto atual, onde a visibilidade LGBTQ+ ainda enfrenta desafios, a história de Edward II se torna um reflexo das lutas enfrentadas pela comunidade queer hoje.
O relacionamento de Edward II e Gaveston é central para a narrativa, gerando uma crise constitucional que levou à queda do rei. Marlowe, embora não declare explicitamente que os dois homens são amantes, insinua fortemente sua conexão íntima. Frases como “abraça-me, Gaveston, como eu te faço” e as queixas de Isabella sobre a atenção do rei voltada para Gaveston revelam uma subtextualidade queer que é inegável.
Historiadores debatem se Edward II pode ser considerado um rei gay ou bissexual. As evidências de sua vida pessoal são escassas, mas a obra de Marlowe ajudou a abrir espaço para discussões sobre sua sexualidade, que antes eram evitadas. O ator Daniel Evans, que interpreta Edward II na nova produção, destaca a relevância contínua da peça, especialmente quando questiona como a sociedade moderna reagiria se um monarca atual demonstrasse publicamente uma preferência por um parceiro do mesmo sexo.
A peça também revisita a história do reinado de Edward II, que se estendeu de 1307 a 1327. Ele se casou com Isabella da França, mas sua verdadeira lealdade parecia residir com Gaveston. A tensão entre sua vida pessoal e as expectativas políticas culminou em sua desgraça, resultando na execução de Gaveston e, posteriormente, em sua própria abdicação. O retrato de Edward II por Marlowe, embora dramatizado, oferece uma visão poderosa sobre o impacto da homofobia e da intolerância, um tema que ainda é relevante nos dias de hoje.
A produção atual, que estará em cartaz até 5 de abril, convida o público a refletir sobre o amor proibido e as consequências da repressão. A mensagem de que tentar banir o amor pode gerar ciclos de violência ainda ecoa nos desafios enfrentados pela comunidade LGBTQ+ contemporânea. A peça se torna, assim, um importante espaço de diálogo sobre sexualidade, poder e a busca por aceitação em uma sociedade muitas vezes conservadora.
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