A recente temporada do programa Canada’s Drag Race trouxe à tona a presença marcante de drag queens autochtonas, que não apenas brilharam no palco, mas também trouxeram à luz importantes aspectos de sua cultura e história. Entre elas, Jaylene Tyme se destacou como a mais velha participante trans da franquia, aos 52 anos. Jaylene é uma mulher bisexuais das Primeiras Nações e Métis, e sua participação foi uma oportunidade de contar sua história como sobrevivente da ‘rafle’ dos anos 1960, um período em que muitas crianças indígenas foram forçadas a serem adotadas por famílias não indígenas no Canadá.
Durante sua participação, Jaylene utilizou suas roupas para expressar suas raízes culturais, incluindo uma impressionante vestimenta no episódio final que homenageou o movimento ‘Every Child Matters’ (Todos os Crianças Contam), que visa lembrar as vítimas dos internatos para indígenas. Em uma entrevista, Jaylene compartilhou que, após anos de busca por sua identidade, finalmente encontrou respostas sobre sua herança cultural e a rica história de seus ancestrais. “A história é tanto bela quanto dolorosa”, disse ela, enfatizando a importância de contar sua verdade.
O programa Canada’s Drag Race, que é uma adaptação do famoso RuPaul’s Drag Race, tem sido uma plataforma valiosa para dar visibilidade a questões que afetam a comunidade LGBTQ+ e, em particular, as vozes indígenas. A competição não se limita a entreter; ela também educa e sensibiliza o público sobre realidades muitas vezes ignoradas. Jaylene, que terminou em oitavo lugar, também recebeu o prêmio de Miss Congeniality, reconhecendo seu impacto positivo dentro da competição.
Outra participante, Xana, que se autodenominou a “vilã” da sua temporada, também se mostrou sensível à narrativa de Jaylene, compartilhando sua própria luta com a desconexão de sua cultura indígena devido à sua herança familiar. Durante uma das competições, Xana revelou que seu avô é um sobrevivente da mesma ‘rafle’, o que impactou sua relação com sua cultura. Em um gesto significativo, Jaylene presenteou Xana com uma ceinture fléchée, um traje tradicional Métis, simbolizando a união e o reconhecimento de suas raízes.
Na grande final, a drag queen afro-autochtone The Virgo Queen conquistou o título de campeã, levando para casa um prêmio de 100 mil dólares e a coroa de próxima estrela do drag canadense. O sucesso de Jaylene e de suas colegas não é apenas um triunfo pessoal, mas também uma celebração da diversidade e da resiliência da comunidade LGBTQ+ e indígena, mostrando que a arte do drag pode ser um poderoso veículo de expressão e de mudança social.
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