Conheço boate gay de norte a sul e por isso tenho bastante segurança em dizer que temos um circuito de noite bem interessante no Brasil. Atende a diferentes públicos, gostos, objetivos. Tem para todo mundo, principalmente em São Paulo, Rio, Floripa e no carnaval esses são os principais destinos.
Trabalhando a sete anos neste mercado, conheço uma parte considerável dos produtores de festas, gerente de clube, DJs, drags. Pessoal envolvido na produção das festas que trazem DJs gringos aos montes, que investem em painéis gigantes de leds e adoram uma notinha sobre a festa.
Mas infelizmente são poucos clubes gays que sabem como trabalhar a comunicação de maneira eficaz e se depois você solta um guia de carnaval sem falar da festa do sicrano ou do beltrano, nossa, você não é ético, você está puxando para o lado do outro, está querendo acabar com o clube.
E comunicar é fundamental. Não é só de mailing (ou seria spam?) que se faz o público ir para um clube, mas também não é só imprensa. É um conjunto e trabalhar com eficácia todos os níveis da comunicação é fundamental para a imagem do clube, para o sucesso das festas, já que boa programação não falta por aqui.
Os clubes mais profissionais – e claro, os mais notáveis – possuem assessoria de comunicação, assessor de imprensa ou qualquer nome que o valha. Não precisa contratar o papa da assessoria, não precisa investir um rio de dinheiro em grandes agências, basta encontrar uma pessoa da área e que faça seu trabalho corretamente.
Semana passada fechei o Guia de Carnaval da revista e nossa, como é difícil fazer um guia sem informação. Os principais clubes me mandaram o release praticamente no mesmo instante ou no máximo no mesmo dia em que eu pedi, já alguns…
Comunicar corretamente não é difícil, bastar entender a importância dessas ferramentas para o seu negócio e vou listar aqui algumas dicas (de quem é jornalista de site gay e já trabalho em assessoria de clube também) para clubes e produtores que estiverem a fim de profissionalizar a comunicação e seguramente ter resultados com isso.
Site
Um site bonito e bem feito é fundamental. É melhor gastar 3x mais e contratar um design, uma agência do que contratar "o filho da vizinha" para fazer e ficar com aquele aspecto de que foi feito nas coxas. Um bom site vai custar de R$ 2,5 mil a R$ 5 mil, dependendo das tecnologias empregadas.
É fundamental saber que a função primária de um site é informar. Não adianta ter set de DJ, fotos da última festa, efeitos mirabolantes se a programação, as atrações, endereço, preços, se aceita cartões não está lá.
Release
Não precisa falar da importância do português correto, né? Release foi feito para avisar aos jornalistas e pessoas de comunicação sobre as festas, não é livro de colorir. Fonte preta, tamanho 12, com os espaçamentos corretos, no máximo destacar a atração internacional. Nada de texto cheio de cores, cheio de gírias, cheio de negritos. Claro, nada de e-mail com 10MB.
Fotos devem ser enviadas em tamanho pequeno, caso o jornalista precise de foto em alta, ele pede, não precisa encher a caixa postal do cara. Se tiver possibilidade de já mandar a foto em alta através de um link, sensacional.
Flyer
Há quem diga que o flyer impresso tem dia e hora para acabar, mas enquanto este momento não chega é bom lembrar que a coisa mais horrorosa do mundo é um flyer que tem mais fotos de DJ e drag do que álbum de casamento.
O impresso deve ser clean, só com foto da atração principal e muitas informações. Tem que ter endereço, preço, aceite de cartões, horários. Outra coisa que polui o flyer mais do que pneu no Tietê são os logos de apoiadores. Não dá para ter 20 logos em um só flyer. Tem que ter dois ou três, os principais patrocinadores e pronto. Não será colocando o logo da festa amiga no flyer que a outra festa será automaticamente divulgada, cada um na sua.
Correio
Uma pratica que caiu em desuso, mas o Massivo fazia muito e dava certo era enviar convites por correio. Eles mandavam o da semana toda, era bem divertido ir destacando e fervendo. Mas esta prática ainda é bacana, jornalista gosta de se sentir prestigiado, lembrado.
Quando a festa for muito relevante vale a pena mandar para as pessoas que são consideradas importantes para ao clube, o convite pelo correio ou motoboy. Mas lembre-se, tem que ser muito relevante, porque encher o cara de flyer e pulseira toda semana não rola.
Receber
O contato com o jornalista não termina na hora que ele publicou a nota sobre a festa, vai além e precisa dar manutenção, porque virão outras festas. Hostess tem que conhecer os jornalistas e tem que receber bem.
Não há nada que deixe um jornalista com mais ódio do clube do que o host olhar para a cara do cara, cumprimentar, sabendo muito bem de qual veículo é e deixar o cara amargando na fila.
Não que jornalista seja melhor do que ninguém, mas estamos convencionados ao tratamento diferenciado. Fato!
Pós-Festa
Não há nada mais dramático para um jornalista do que chegar na redação no dia seguinte ou na segunda-feira e não conseguir as fotos do evento. Assessor de imprensa tem que ter as fotos imediatamente ao fim da festa. Demorar em enviar as fotos pode resultar em uma nota a menos.