Especialistas explicam a importância de separar essas esferas para preservar a saúde mental e o bem-estar emocional
Você já sentiu que precisa vestir uma máscara no trabalho para ser outra pessoa? Essa dualidade entre vida pessoal e profissional é mais comum do que imaginamos, especialmente em um mundo que valoriza cada vez mais a imagem e o desempenho no ambiente profissional. Mas até que ponto essa separação é saudável? E como evitar que essa divisão cause um burnout, um esgotamento que pode afetar profundamente a saúde mental?
Entendendo a crise de identidade entre o eu profissional e pessoal
Muitos profissionais, assim como a cantora Anitta no seu documentário Larissa: O Outro Lado de Anitta, enfrentam diariamente o desafio de equilibrar o eu autêntico com a persona que precisam assumir para o trabalho. Segundo a psiquiatra Silvia Marchant Gomes, essa crise de identidade acontece quando começamos a questionar nossos valores, rotinas e até mesmo quem somos, geralmente após eventos marcantes, como separações, mudanças ou perdas.
Para o psicólogo Matheus Karounis, essa crise representa uma desconexão interna, um enfraquecimento da percepção coerente do nosso próprio self, o que pode gerar sensações de alienação e inautenticidade. Ele destaca que esse conflito não é exclusivo de um grupo, mas é comum em profissionais altamente engajados que, fora do trabalho, sentem dificuldade em se reconhecer.
Quando a separação entre os mundos vira problema
Ter uma persona profissional pode ser um mecanismo saudável de defesa, desde que não nos afastemos da nossa essência. No entanto, o psicólogo alerta que o esforço excessivo para sustentar essas duas identidades pode causar ansiedade, estresse e até burnout — uma exaustão profunda que afeta o corpo e a mente. Os sintomas vão desde flutuações emocionais e impulsividade até dores físicas, como tensões musculares e dores de cabeça.
A psiquiatra Silvia reforça que, quando essa divisão se torna uma necessidade para a pessoa se sentir bem, é hora de buscar ajuda profissional. A psicoterapia pode ser fundamental para resgatar a autenticidade e fortalecer o equilíbrio emocional.
Dicas para preservar sua saúde mental e evitar o burnout
Para a comunidade LGBTQIA+, que muitas vezes enfrenta pressões adicionais, seja pela necessidade de se adaptar ou pela discriminação, cuidar desse equilíbrio é ainda mais essencial. Aqui vão algumas orientações dos especialistas para manter a saúde mental em dia:
- Reconheça seus limites: saiba até onde dá para ir sem se perder.
- Conecte-se com seu eu autêntico: reserve momentos para mergulhar no que te faz sentir genuína.
- Busque apoio: conversar com amigos, família ou profissionais pode aliviar a tensão.
- Desconecte-se do trabalho: evite levar demandas para casa e permita-se descansar.
- Pratique o autocuidado: atividades prazerosas são essenciais para recarregar as energias.
Ao respeitar esses passos, fica mais fácil evitar que a separação entre vida profissional e pessoal se transforme em uma crise que comprometa sua saúde emocional.
Quando buscar ajuda profissional
Se você sente que está perdendo a conexão consigo mesma, que o peso da dupla jornada está afetando seu humor, sono ou relacionamentos, não hesite em buscar ajuda. A psiquiatra Silvia Marchant Gomes destaca que o acompanhamento terapêutico é crucial para evitar que o adoecimento se agrave e para aprender a conviver com as diferentes facetas da sua identidade.
Karounis acrescenta que, sem tratamento, essa crise pode evoluir para quadros mais graves, como depressão e isolamento social, prejudicando a qualidade de vida e o senso de propósito.
Em suma, para viver plenamente, é preciso encontrar harmonia entre o eu pessoal e profissional — um desafio constante, mas essencial para o bem-estar emocional de todos, incluindo a nossa comunidade LGBTQIA+.