O aclamado espetáculo teatral “James V: Katherine”, escrito por Rona Munro, está chamando a atenção por sua abordagem inovadora e provocativa sobre a história da Escócia, especialmente em relação à visão queer dessa época. Cenários como o de um quarto de núpcias no contexto do século XVI servem de pano de fundo para explorar não apenas as intrigas políticas, mas também as complexas relações amorosas que desafiam as normas da sociedade. Munro destaca que, embora a história de amor entre Katherine Hamilton e sua amiga Jenny seja especulativa, a possibilidade de tais relações existirem durante a Reforma escocesa não pode ser descartada. Essa época foi marcada por uma intensa transformação religiosa que, segundo Munro, trouxe um ambiente ainda mais hostil para aqueles que se identificavam como queer.
A autora ressalta a importância de tornar visíveis histórias que geralmente são ignoradas, como a de mulheres, negros e da comunidade queer na Escócia. O projeto das “James Plays” busca resgatar e recontar a história escocesa de uma forma que inclua essas narrativas marginalizadas. Munro explica que a Reformation teve um impacto profundo na cultura e na identidade escocesa, e que entender essa transição é crucial para compreender a Escócia contemporânea e suas dinâmicas sociais.
“James V: Katherine” não é apenas uma obra sobre o passado; é uma reflexão sobre como as lutas históricas ainda ressoam na sociedade atual. O espetáculo está programado para estrear no Capital Theatres em Edimburgo no dia 5 de abril de 2024, e, em seguida, fará uma turnê por várias cidades da Escócia. Com essa peça, Munro espera não só entreter, mas também educar o público sobre a rica e muitas vezes esquecida tapeçaria da história escocesa, especialmente no que tange a questões de gênero e sexualidade, convidando todos a refletirem sobre as lutas por aceitação e identidade que persistem até hoje.