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Como nascem pautas não factuais? – ou notícias da província parte 3

Editar o site e a revista é um trabalho intenso. A cabeça não para um minuto e a gente pensa em pautas até quando está de folga. Acho que isso é um efeito comum na cabeça dos jornalistas. Por isso vou fazer um post bem no estilo Ana Estela de Souza Pinto e explicar:

Como nascem pautas não factuais?

De repente de um estalo, uma conversa, uma mesa de bar vem uma pauta, um furo. Uma notícia inédita, uma matéria que ainda não foi publicada por ninguém. Por isso correr, trabalhar, ligar, mandar e-mail. Pensar, sentar e escrever.

Daí que temos noticiado bastante por aqui a composição dos quadros de governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A presença de LGBTs, não apenas nas políticas públicas e propostas, mas também na chefia de pastas é algo bastante motivador. É notícia. Factual. Geralmente traduzida, reproduzida e adaptada de sites gringos.

Daí que tivemos um gay assumido como secretário de uma das cidades mais importantes do país. Como com a nova prefeitura mudaram os secretários pensei que seria um momento mais do que propício de entrevistar Marcelo Garcia.

Afinal, o homem realizou ações pró-gays, esteve presente nas Paradas, teve ou tem pelo menos um certo contato e acompanhamento da militância e se destacou enquanto secretário de Assistência Social. Se um secretário  gringo é entrevista na Advocate, porque um secretário brazuca não é entrevista no A Capa, oras bolas?

Quando sugeri e pedi para que Thiago fizesse a entrevista com Marcelo Garcia, tinha muito claro uma coisa. As perguntas não deveriam ficar restritas somente a comentários sobre o "mundo gay". A intenção era furar a bolha. Tocar também no trabalho desenvolvido junto a população de rua, que geralmente é muito mais o foco das Secretarias de Assistência Social, do que a pauta gay. E um tema também com que, imagino, o público leitor do site tenha pouca intimidade, por isso a função jornalística de apresentar fatos novos, pouco discutidos, olhares diferentes.

A intenção também foi com que na entrevista o Marcelo fizesse uma avaliação sincera de sua chefia a frente da pasta. Como esse aspecto não havia sido abordado por outros sites gays, seria uma boa oportunidade para que as pessoas conhecessem algo que talvez não tivessem muita informação. Até porque a metade dos nossos leitores é de São Paulo.

O estranho disso é que bem as perguntas "gays" foram as que mais geraram uma série de reações adversas. Foi esquisito perceber que a cosia que mais motivou discussões foram as críticas que Marcelo fez ao movimento gay do que o resto da entrevista. Foi engraçado lembrar de outra ensinamento da grande Ana: as pessoas que olham a árvore mas não veem a floresta.

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