Apesar das incertezas políticas, a presença na WorldPride é uma vitória pela visibilidade e resistência.
Na semana em que Washington, D.C., se prepara para receber a WorldPride, as vozes da comunidade LGBTQIA+ ecoam com força e emoção. Apesar das incertezas causadas por políticas recentes e a administração do ex-presidente Trump, muitos sentem que a presença e a celebração são mais essenciais do que nunca.
Charley Beal, um ativista de longa data, expressa a importância de continuar lutando. Desde sua infância, Beal tem sido um defensor dos direitos civis, participando de protestos e marchas que moldaram a luta pelos direitos LGBTQIA+. Ele relembra sua participação na primeira WorldPride em Roma, onde a resistência e a criatividade se uniram para enfrentar a discriminação. “Não fugimos e não nos escondemos”, afirma, refletindo sobre a coragem necessária para se afirmar em tempos difíceis.
Desafios e Determinação
Este ano, a WorldPride em D.C. acontece em um contexto de crescente preocupação entre os membros da comunidade. Muitos expressam medo e hesitação em participar, dados os ataques recentes contra os direitos trans e as tentativas de silenciar vozes LGBTQIA+ em várias esferas. Beal, no entanto, acredita que a visibilidade é crucial. Ele participará de um painel no evento e carregará uma bandeira arco-íris de 1.000 pés durante a parada, reafirmando seu compromisso com a luta.
June Crenshaw, vice-diretora da Capital Pride Alliance, reconhece o impacto que o ambiente político tem sobre a decisão das pessoas de participar. “Nós somos trans, não conformes de gênero, negros e pardos, imigrantes e pessoas com deficiência. O clima criado tem um grande efeito sobre a nossa comunidade”, destaca, enfatizando a diversidade das vozes que compõem o movimento.
Apoio e Resiliência
A Capital Pride Alliance está se esforçando para garantir a segurança e a inclusão durante os eventos. Em resposta a preocupações levantadas pela comunidade, a organização mudou alguns locais de celebração e se comprometeu a atender às necessidades de segurança em colaboração com as autoridades locais. A chefe da polícia metropolitana, Pamela Smith, assegurou que não há ameaças conhecidas para os eventos, mas que uma presença policial aumentada será visível durante as festividades.
Enquanto isso, a participação de patrocinadores corporativos também foi afetada pelas mudanças políticas, com algumas empresas reduzindo seu apoio. Crenshaw observa que a luta por visibilidade e direitos continua sendo uma prioridade, e que a participação na Pride é um ato de resistência. “Este é o ano em que mostrar nossa presença e desafiar a narrativa negativa é mais importante do que nunca”.
Solidariedade Internacional
Jayden Squire, um jovem ativista australiano, compartilha suas preocupações sobre a segurança ao viajar para os EUA, mas sente que é crucial estar presente. “Precisamos mostrar solidariedade às comunidades queer. Não podemos permitir que os direitos LGBTQIA+ retrocedam, independentemente de quem esteja na Casa Branca”, afirma, ressaltando a importância do apoio mútuo entre as nações.
Dave Peruzza, proprietário de dois bares LGBTQ+ em D.C., observa um aumento na frequência durante o mês do Orgulho, embora reconheça um sentimento de desânimo entre alguns frequentadores. “Para muitos, o Pride é uma declaração de que a comunidade não pode ser apagada. Estou comprometido em garantir que todos se divirtam e se sintam bem-vindos”, diz.
A Celebração como Resistência
Dylan Drobish, um artista drag de Baltimore, sente que a comunidade se uniu mais desde a eleição de Trump, embora alguns tenham se afastado. Ele acredita que a celebração do Pride é uma forma de resistência e uma oportunidade para os queer encontrarem seu lugar. “A alegria é resistência”, ele reflete, observando a transformação que ocorre quando as pessoas se reconhecem em um espaço seguro e acolhedor.
Com a WorldPride se aproximando, a comunidade LGBTQIA+ em Washington, D.C., está pronta para brilhar. A mensagem é clara: a luta por visibilidade e direitos não é apenas necessária, mas é um testemunho da força e resiliência de uma comunidade que se recusa a ser silenciada. Ao marchar, celebrar e se unir, eles reafirmam que o Orgulho é uma força vital que resiste a qualquer adversidade.