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Conar suspende anúncio de Doritos acusado de discriminar homossexuais

O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) decidiu suspender na última quinta-feira (16) a campanha do salgadinho Doritos, da Elma Chips, após avaliar reclamações de consumidores e da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais), que acusavam a campanha de discriminar homossexuais.

No comercial, quatro amigos estão dentro de um carro ouvindo "YMCA", do Village People, quando um deles começa a dançar a coreografia da música que virou hit nas pistas gays. Ao final do vídeo, um pacote de Doritos tampa o rosto do jovem e uma voz em off diz: "Quer dividir alguma coisa com os amigos? Divida Doritos".

A polêmica teve início uma semana antes, quando a ABGLT enviou ofício ao Conar, pedindo que providências fossem tomadas para tirar o comercial do ar. Em seu comunicado, a ABGLT alegava que o vídeo "contêm referências implícitas e depreciativas em relação aos LGBTs" e que "a veiculação de tal material na televisão brasileira (…) dissemina o preconceito com uma roupagem bem-humorada".

A votação do Conselho de Ética do Conar ocorreu de maneira apertada: foram 7 votos a favor da sustação contra 5 que defendiam o arquivamento do processo. A PepsiCo, proprietária da marca Elma Chips, tem 10 dias para recorrer da decisão. A empresa já informou que apresentará recurso.

Em nota, a fabricante justificou que "nunca aceitaria o risco de veicular qualquer mensagem discriminatória, muito menos ofensiva a qualquer público, e desrespeitar os homossexuais seria inaceitável tanto para a PepsiCo quanto para sua agência de propaganda, a AlmapBBDO".

Procurada pela reportagem do site A Capa, a assessoria de imprensa do Conar informou que, até a semana passada, o órgão havia recebido mais de 120 reclamações contra o comercial. "Com essa decisão, comunicamos o anunciante e a agência de publicidade para a retirada imediata do anúncio. O comercial até poderá ser exibido novamente, caso os conselheiros do Conar decidam pelo arquivamento", explicou a assessoria.

Para o Conar, o caso reflete a necessidade de zelar pelo conteúdo das mensagem publicitárias. "Duas circunstâncias devem ser levadas em conta nesse caso. A comunidade LGBT é mais organizada e um comercial que tenha uma mensagem contra homossexuais sempre terá mais evidência. Um publicitário não pode brincar com o público consumidor", ressalta o Conselho.

Ao longo de sua atuação, o Conar já julgou mais de 6000 casos e poucos deles foram derrubados pela Justiça. Apesar de o Conselho não ter poder de lei, seu veto é respeitado pelas agências de publicidade e veículos de comunicação e, consequentemente, pelas empresas, que temem um eventual boicote dos consumidores.

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