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Concepções equivocadas

Dia desses num intervalo para o café o assunto caiu do nada na Parada Gay. Alguém fez uma piadinha que emendou num comentário sobre "I Will Survive", "YMCA" ou algo do tipo. E nem fui eu quem fomentou a discussão. Foi a Marcia que falou que essa é a música oficial do evento.

Daí perguntou quem já tinha ido. Disse que foi em duas e gostou muito, achou o maior barato, muito legal mesmo. "Eles são bem alegres", disse. Dois caras héteros tinham nos seus respectivos celulares essas músicas. Um deles tinha aquela "Vai Wilson", do "eu não nasci gay, a culpa é do meu pai que contratou um tal de Wilson pra ser capataz". E um deles me mostrou ainda "Vendedor de Bucetas", do Ary Toledo.

Pode isso, Arnaldo?

Entendo que a homossexualidade pra quem não tem muito convívio com gays deve ser mesmo muito curiosa e intrigante e deve despertar um certo interesse. E daí geral fica delirando, imaginando umas coisas que não existem no mundo real. Mas daí a acharem que nós gays estamos parados na década de 70, é um pouco muito. Pera lá. Gloria Gaynor, Village People é trilha sonora pra festa de casamento evangélico. E Abba é pra quem acabou de comprar aparelho de Blu Ray com Home Theater.

Pois é, gente, em pleno século XXI. Com dois novos singles da Britney aí rolando loucamente e colando na mente das gays mais que chiclete na sola do sapato… com a Lady Gaga com o novo CD no forno… Com a J.Lo que resgatou "Chorando se Foi" esse povo ainda me acha que em 2011 alguma bicha ouve essas músicas? Que desaforo meldels. E gente. Ary Toledo não é mais engraçado desde, sei lá, 74. Mas né, não ia ser eu que ia estragar a alegria da galera. Cada um cada um e a gente tem que respeitar.

Quer mais? Outro exemplo. Tô apaixonado por uma coordenadora do serviço. Ela é linda, simpática, tem um sorriso incrível, é bem humorada. O dia fica mais colorido quando ela passa. Ela joga futebol e ainda é virginiana. E tem uma gay na equipe dela. E a Marcia, a mesma que levantou o assunto da Parada, queria atacar de cúpida pra nós dois. Perguntou pra mim o que eu achei da bilu, coisa e tal. A gay até é engraçada, legal, boa pessoa, mas cê jura, né? Não faz meu tipo. Nem rola. E não é porque somos da mesma espécie que a gente tem que copular, não é mesmo? É. Então, pois é.

As pessoas ainda têm umas concepções tão equivocadas sobre a homossexualidade, que só rindo viu.

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