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Conferência Nacional LGBT inicia sob protestos contra veto ao Kit anti-homofobia; assista

Teve início ontem, quinta-feira (15), a II Conferência Nacional LGBT, em Brasília. A sessão de abertura começou com uma hora de atraso, por volta das 20hs. A mesa de abertura contou com a participação da Ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário; o assessor especial da presidente Dilma Rousseff, Gilberto Carvalho; o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ); Ramais de Castro, do Conselho Nacional LGBT; a ativista lésbica Irina bacci; a ministra da Igualdade Racial, Luiza Barros; a ativista trans Giovana Baby; a desembargadora aposentada ,Maria Berenice Dias e Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).

O Kit Escola Sem Homofobia
Uma manifestação estava organizada para ser realizada quando o ministro Gilberto Carvalho, que esteve presente na abertura representando a presidente Dilma Rousseff, fosse falar. Os militantes haviam combinado que na hora da fala do ministro todos iriam ficar de costas. Tal ato era justificado por conta de Carvalho ser o principal interlocutor da presidente com os movimentos sociais. Por conta disso, os militantes alegam que parte da culpa pelo veto ao Kit Escola Sem Homofobia se deve as ações do ministro.

Porém, assim que o cerimonialista convocou as autoridades para compor a mesa os presentes iniciaram o protesto dizendo a presidente Dilma que governo democrático não se faz "com religião". "Ô Dilma, que papelão, não se governa com religião", gritaram os ativistas. Em outra frase os ativistas diziam que a presidente "Dilma pisou na bola e a homofobia continua na escola". E todo o resto da abertura foi marcada por fortes protestos dos palestrantes, com destaque para a ativista trans Giovana Baby.

Em sua fala, Giovana Baby foi direto ao assunto e disse ao ministro Gilberto Carvalho que a "todo momento que vocês fazem acordo com os evangélicos na calada da noite, significa mais LGBTs assassinados". Em outro momento de sua fala, Baby disse ao ministro que o salário dele também é pago pelo "dinheiro da comunidade gay".

"Ministro, todo mundo aqui já enterrou amigos por conta da homofobia, e quero lembrar que o salário de vocês é pago, também, com o nosso dinheiro e vocês não estão se esforçando para fazer políticas públicas para a comunidade LGBT. E quero dizer que a presidente Dilma foi eleita com milhares de votos da comunidade gay, inclusive eu votei nela", protestou Giovana Baby, que foi aplaudida de pé por todos os presentes.

Após a fala de Giovana Baby todo um clima de contrariedade ao governo federal no que diz respeito a políticas públicas LGBT ficou estabelecido. O ministro Gilberto Carvalho, que deveria ter falado na abertura, abriu mão de sua fala. O comentário é que o protesto organizado para hora de sua fala tinha vazado e assim, o ministro acabou sendo blindado.

Quem também não poupou a presidente Dilma de críticas foi o presidente da ABGLT, Toni Reis, que citou a presidente da Argentina, Christina Kirchner. "Vim com esta gravata rosa em homenagem a Casa Rosada, em homenagem à presidente Christina Kirchner, que tem se engajado pessoalmente favorável aos direitos LGBT. Quero dizer que envolvimento e participação é fundamental. E não se trata de opção sexual, pois aqui não temos um cardápio. O lema do governo é um país sem miséria, pois bem, miséria é deixar um homossexual ser assassinado a cada 36 horas", criticou Toni Reis.

Reis também lembrou a presidente Dilma Rousseff que muitos homossexuais votaram nela. "Presidente, muitos LGBT votaram na senhora… Dilma, viado e sapata é que nem geladeira: toda família tem… Você disse que não ia permitir nenhum retrocesso em seu governo, então, nós queremos a liberação imediata do Kit Escola Sem Homofobia e não vamos tolerar que os evangélicos ditem as políticas", declarou Toni Reis.

A abertura da II Conferência Nacional LGBT terminou por volta das 21h30.  Os trabalhos continuam até o próximo domingo (18), onde ativistas do Brasil inteiro vão debater um novo plano de combate à homofobia e promoção da diversidade em nível nacional.

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