Dando sequência na cobertura das eleições municipais, o site A Capa enviou perguntas para todos os candidatos LGBTs a vereador na cidade de São Paulo. As mesmas questões foram enviadas para os 10 representantes da comunidade gay que concorrem a uma vaga na Câmara Municipal da cidade. A seguir você confere a entrevista com Frederico Sosnowski, candidato do PSOL.
Como surgiu a oportunidade de você se candidatar a vereador?
O PSOL é um partido muito aberto a propostas e a participação de seus filiados, além disso é um dos poucos que coloca o respeito à Diversidade e o direito das minorias como pauta inegociável em seu estatuto. Eu manifestava vontade de fazer algo maior pela cidade e o país, saindo da inércia que a vida na cidade de São Paulo nos induz, namorei muito o PSOL antes de decidir me filiar, fui participando de algumas atividades e, após umas férias recebi um comunicado do diretório municipal sobre o início das inscrições para a escolha da chapa de vereadores e prefeito, estava revigorado da viagem e com toda a energia para mudar o mundo, decidi botar a cara a tapa, participar do processo e aqui estou! Tenho aprendido muito e a vontade de mudar o mundo vem crescendo a cada dia! (Está certo, mudar o mundo parece utópico demais, mas se não consegui-lo ao menos quero mudar São Paulo e torná-la mais tolerante e diversa.)
Quais são seus diferenciais em relação aos outros candidatos?
Primeiramente, tenho toda juventude e os hormônios que ela me proporciona queimar, a Combatividade, a Curiosidade, e o fato de conhecer a cidade e especialmente a periferia (Moro em Pirituba, do outro lado do Rio Tietê e tenho amigos por toda cidade. Sei como é ser LGBT, no centro e na periferia, são outras características que me diferenciam. Além disso, não tenho vergonha de aceitar meus erros, muito menos restrições em receber e/ou pedir apoio de outras pessoas para lutar por uma causa maior, tenho a proteção dos ideais e bandeiras defendidas pelo PSOL, e sei que ,somente um partido que defende abertamente os direitos das minorias poderá fazê-lo livre de recalques e preconceitos.
Quais são suas principais propostas?
– Garantir a aplicação das proposições da Conferência Municipal LGBT;
– Educação: Educação em Direitos Humanos e pela Diversidade Sexual, aplicação do Plano Municipal de Educação;
– Juventude: Amparo e proteção do adolescente/jovem LGBT, capacitação de funcionários dos conselhos tutelares, atendimento psicológico aos que sofreram violência e suas famílias, campanhas contra a discriminação e programas de incentivo ao estudo, emprego e renda.
– Saúde: Capacitação e conscientização dos profissionais de saúde para atendimento humanizado e integral à população LGBT;
– Assistência Social: Ampliação do Centro de Referência da Diversidade, para que possa acolher LGBTs em situação de rua de outras regiões da cidade, proporcionando o atendimento necessário e políticas de inclusão social;
– Segurança: Capacitação da GCM e outros profissionais de segurança no combate à homofobia, levantamento das estatísticas de casos de violência e atendimento;
– Cultura: Criação de centros culturais e inserir atividades ligadas à cultura LGBT no calendário da cidade, na vida dos bairros e equipamentos públicos (Bibliotecas, Parques, etc.);
– Outros: Utilização do nome social para travestis e transexuais; criação de centros de referência à diversidade nas regiões; votar contra qualquer Projeto de Lei ou Decreto que excluam, discriminem, restrinjam ou diferenciem direitos da comunidade LGBT em relação aos heterossexuais.
Como você pretende ajudar a combater os ataques homofóbicos nas ruas de SP?
Garantindo, primeiramente, espaço para a tolerância em São Paulo com educação laica e para a diversidade, inserção de atividades que divulguem a comunidade LGBT no calendário cultural e esportivo da cidade, mapeamento dos casos de violência e intensificando a segurança com ações que também contemplem políticas de assistência social e a criação de Centros de Referência. Vale lembrar que a presença de um vereador ou bancada LGBT na Câmara Municipal de São Paulo, já seria um marco para a abertura da cidadania LGBT na cidade.
Na sua opinião, qual é o maior problema enfrentado atualmente pela população LGBT de São Paulo?
Além do trânsito que atinge a todos? A falta de respeito pela diferença, que leva a casos de violência física e psicológica, falta de atendimento nos serviços públicos e privados e que priva as LGBT de serem quem realmente são. Isso é piorado pelo pouco investimento da prefeitura nas proposições da comunidade.
De que forma pretende construir seus aliados políticos?
Há algumas formas de conseguir aliados políticos, uma delas está em encontros com vereadores e membros de partidos que sejam simpatizantes à causa LGBT e defensores das minorias, outra forma (e a que julgo como principal) é a opinião pública e a sociedade organizada. Assim, muito mais importante que as negociações entre os entes políticos, a militância, as ONGs e a sociedade como um todo será convidada a participar dos processos legislativos e opinar, agir e reclamar dos vereadores (e executivo também, por que não?) na hora de construir e votar projetos de interesse das LGBT. Se eleito, meu mandato será aplicando a democracia participativa ao legislativo, desde antes da posse.
Para saber mais sobre os candidatos às eleições municipais acesse o blog Eleições LGBT.