Dando sequência na cobertura das eleições municipais, o site A Capa enviou perguntas para todos os candidatos LGBTs a vereador na cidade de São Paulo. As mesmas questões foram enviadas para os 10 representantes da comunidade gay que concorrem a uma vaga na Câmara Municipal da cidade. A seguir você confere a entrevista com Marcos Freire, candidato do PT.
Como surgiu a oportunidade de você se candidatar a vereador?
Antes de mais nada, quero agradecer o convite do A Capa para responder a estas questões tão importantes para a comunidade LGBT, em vias de um pleito eleitoral. Sou filiado ao Partido dos trabalhadores desde 1994, fiz várias campanhas à “n” candidatos do meu partido. Em 1997, conheci a militância LGBT, até então conhecida como “movimento gay”. Foi “paixão” a primeira vista. Associar a questão da luta política a questão LGBT é o que tem me movido nestes 17 anos de militância no movimento social, assim como no movimento sindical onde também atuo. Vários conhecidos e militantes me incentivavam a ser um dos representantes da população LGBT no poder legislativo e desta vez acho que estou preparado pra encarar mais este desafio em minha vida.
Quais são seus diferenciais em relação aos outros candidatos?
Eu não conheço as plataformas para o legislativo dos demais candidatos, mas me coloco neste pleito com o diferencial de ser um militante da causa LGBT há vários anos. Tenho propostas claras, sei das dificuldades e carências de gays, Lésbicas, bissexuais, das travestis e transexuais. Às vezes, cada um, com sutis especificidades, mas que para estes é de suma importância. Cito, por exemplo, a dificuldade que as transexuais tem de conseguirem a cirurgia de redesignação de sexo, assim como a mudança de seus nomes nos registros oficiais. Isto só pra exemplificar. Também tenho o movimento sindical como exemplo de organização, acúmulo e de conquistas para uma determinada categoria, e fazendo uma analogia, quero que esta experiência possa ser levada para a comunidade LGBT Mas quero salientar que também atenderei as demandas do empresariado LGBT, ou seja, independente da classe social, a homofobia atinge a ricos e pobres.
Quais são suas principais propostas?
1- Criação de um Centro de referência e acolhimento às vítimas de discriminação e populações vulneráveis.
2- Mandato colaborativo. Todos (as) terão acesso ao meu gabinete para fazer propostas e críticas.
3- Combater o bullying na rede de ensino.
4- Garantir o uso do nome social onde isso ainda não acontece.
5- Criar leis que incentive a cultura LGBT, levando as atividades culturais também pra periferia.
6- Realizar ações educacionais no trabalho, com empresas, gestores e recrutadores, a fim de combater à discriminação e garantir o acesso às populações vulneráveis.
7- Também tenho como ação principal a questão da acessibilidade e um transporte mais digno e humano em nossa cidade.
Como você pretende ajudar a combater os ataques homofóbicos nas ruas de SP?
Serei um agente do legislativo que atuará na implementação e fiscalização das ações que combatam à homofobia e a violência contra nossa população. Todas as leis, ações de capacitação dos agentes públicos e privados que combatam a violência, por mim serão propostas na câmara municipal. Cobrarei dos órgãos competentes o cumprimento das leis que possam combater tal violência.
Na sua opinião, qual é o maior problema enfrentado atualmente pela população LGBT de São Paulo?
Na minha opinião falta um centro de acolhimento e aconselhamento para esta população que sofre a violência não só física, quanto moral. Temos várias casos de crianças e adolescentes que são expulsos de casa quando a família “descobre” que são homossexuais ou que possuem uma identidade de gênero que não condiz com seu “biológico”. Ainda estamos anos luz para que a sociedade aprenda que nossa sexualidade é construída socialmente. Mas enfim, para não alongarmos. São Paulo carece de um espaço que os acolha numa situação de extrema vulnerabilidade. Não deve, evidentemente, ser um espaço permanente, mas que dê um suporte psicológico e mesmo atendimento ambulatorial quando assim for necessário.
De que forma pretende construir seus aliados políticos?
Pretendo construir com uma de minhas propostas, que é a participação de toda a comunidade LGBT num mandato participativo. Pretendo dialogar com empresários da noite, com os órgãos públicos, comunidades carentes, e grupos organizados da sociedade civil como um todo. Fortalecer as ONGs LGBTs para que juntos possamos agir por uma São Paulo mais humana e menos homofóbica.
Para saber mais sobre as eleições municipais acesse o blog Eleições LGBT.