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Confira as propostas de Mário Grego, candidato a vereador em São Paulo pelo PSOL

Dando sequência na cobertura das eleições municipais, o site A Capa enviou perguntas para todos os candidatos LGBTs a vereador na cidade de São Paulo. As mesmas questões foram enviadas para os 10 representantes da comunidade gay que concorrem a uma vaga na Câmara Municipal da cidade. A seguir você confere a entrevista com Mário Grego, candidato do PSOL.

Como surgiu a oportunidade de você se candidatar a vereador?
Minha candidatura passa pela minha história e minha militância que se inicia na década de 80 ainda na Igreja Católica, quando fazia parte do Movimento Contra a Carestia, passando depois, pelo Movimento de Transporte na Zona Leste, do Comitê em Defesa da Escola Pública na Zona Leste, pelo Movimento de Luta Pela Universidade Pública na Zona Leste, que culminou com a implantação da USP Leste, e antes, passando pela Câmara Municipal de São Paulo, trabalhando e colaborando nos mandatos das ex-vereadoras Irede Cardoso (1983-1992) e Tereza Lajolo (1993-1996), e ainda, tendo conseguido e sendo o primeiro cidadão na história da edilidade paulistana a requerer a cassação do mandato de dois vereadores de São Paulo (1999), e pela minha militância política, passando do PT (partido que ajudei a construir), sendo que anos depois fui para o PSOL, onde fiquei anos participando, mas sem filiação partidária, mantendo, assim, um “namoro” com o PSOL, tendo em vista não ter, no momento, pretensões de disputar cargos públicos. Ainda passo pelo Grupo Corsa, e junto com isso e paralelamente na mesma época, implanto na Cidade de São Paulo, no Parque do Carmo, uma sala de aula voltada para o publico gay e para garotas e garotos de programa, com apoio da Secretaria Municipal de Saúde, onde fazia o trabalho como Agente de Prevenção.  Com este histórico, alguns amigos me chamaram para me candidatar e realizaram esta conversa comigo solicitando minha candidatura, o que muito relutei, mas com a ajuda destes, que , me apoiando insistiram na minha candidatura, resolvi, então, me candidatar.

Quais são seus diferenciais com os outros candidatos?
Sou professor, 46 anos, nascido e criado no bairro de São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, onde estudei e me formei, tendo ido morar em Itaquera, mas permanecendo na região de São Miguel Paulista pelas fortes raízes criadas desde os tempos da infância, e só vindo para Itaquera por ocasião do meu casamento (primeiro casamento civil gay da cidade de São Paulo 18/08/2012), onde passo a morar com meu marido, mas nem pela distância desisto da militância política e da minha militância LGBT, junto com meu marido Gledson Perrone Cordeiro, atuo orientando muitos jovens gays que me procuram para conselhos, para que possa encaminhar ao Serviço de Psicologia, ao Serviço Social, bem como, orientando  muitas pessoas sobre os mais diversos temas do mundo LGBT (como direitos civis, ou mesmo no caso de pessoas gays estrangeiras que procuram informações de como conseguir cidadania brasileira para morar no País), o que ressalto neste ponto, é que não recebo verba governamental, nem de ONGs para o trabalho que faço (que também não é divulgado, por não ser esta a ideia). Apenas supro um papel que deveria ser do Governo.
 
Quais são as suas principais propostas?
Não que seja a mais importante, mas é necessária e urgente a extinção do Tribunal de Contas do Município, órgão este que em nada contribui para com a nossa cidade, muito pelo contrário, tendo em vista o trabalho que desempenha com apenas 05 conselheiros e mais de mil assessores, as verbas que eles recebem sempre a mais que a do prefeito, que é o maior salário do município, um órgão que está entre o Legislativo e o Executivo, que tem a função de fiscalizar e julgar, mas que não aceita ser fiscalizado e julgado, considerando ainda, que tais conselheiros são de caráter vitalício, e seus salários também, e que estes não divulgam os seus saldos de forma clara e explícita, e quando o fazem, fazem de forma irregular através de ofícios (não anexando copias dos holerites), e pelo alto gasto e manutenção deste órgão, é que se faz necessária a sua extinção.

Na área da saúde, se faz necessário e urgente a capacitação de profissionais: Médicos, Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem, para que possam trabalhar melhor com a população LGBTT que os procura, bem como, implantar nos postos de saúde da rede pública, horários diferenciados de atendimento  para esta mesma população, evitando assim, maior preconceito por parte da sociedade (em alguns SAES da Cidade de São Paulo isto já é feito), ampliar a rede especializada ás Dsts/Aids, bem como procurar criar políticas públicas para o maior números de SAES e CRTS, e maior número de psicólogos para atendimento da população LGBTT de São Paulo.

Na educação, destaque para o aumento das verbas para esta área, lutando e propondo a adequação da verba destinada para a educação, propondo  alteração da Lei Orgânica do Município, de forma a garantir os 31% como mínimo para investimento em educação, e junto a isto, a capacitação de todos os profissionais de Educação, para que se possa trabalhar com alunos LGBTs dentro das salas de aula, e que assim, seja trabalhado também a questão da homofobia, dos direitos e deveres de cada um, incluindo a realidade gay, e paralelo a isto, propor a capacitação dos Guardas Civis Metropolitanos – GCM – para que se diminua o índice de violência contra homossexuais, e que estes saibam respeitá-los como cidadãos que são assim como os demais. Não há diferença entre gays e não gays.

 A implantação de centro de convivência para gays idosos na cidade, já que muitos são abandonados pelas famílias e pelos companheiros, e ficam sós no final da vida, sem ter aonde ir, com quem falar e o que fazer. Dar-lhes apoio médico e psicológico adequado. E, da mesma forma, centro de convivência gays para os gays que são expulsos de seus lares por assumirem a sua homossexualidade, e não tendo para onde ir, vão para as ruas, onde viram marginais, e sofrem de tudo um pouco. É papel do Estado confortar e garantir dignidade para estas pessoas, nas fases em que elas mais necessitam de ajuda.

Ampliar as Cads e os CRTs na Cidade de São Paulo, propondo ao menos, uma CADS e um CRT em cada região da cidade, para que a população  LGBT desta cidade possa usufruir deste serviço e lutar por mais verbas públicas para garantir o seu funcionamento, bem como fiscalizar estas verbas e seus investimento, cobrando e fiscalizando o seu funcionamento.

Como você pretende ajudar a  combater os ataques homofóbicos nas ruas de São Paulo?
Entendendo ser papel Constitucional e dever do Estado garantir a segurança, e portanto, aumentar o policiamento na cidade, principalmente mapeando os pontos mais críticos de ataques a gays nas ruas, o que se propõe são ações conjuntas com a Policia Militar e a Guarda Civil Metropolitana em tais pontos, a fim de tentar ao menos minimizar a questão da violência, que de fato, só se dará por completo com investimento na educação da população, e na transformação dos alunos em cidadãos críticos. Mas enquanto isso não acontece, colocarei o meu gabinete no Palácio Anchieta à disposição de toda a população LGBT, para que possa encaminhar suas denúncias, e usar da tribuna para denunciar e fiscalizar (fazendo-o pessoalmente todas as vezes que a necessidade assim se fizer), fazendo, desta forma, que o gabinete do vereador, e a Câmara, volte a ser lidima intérprete da vontade popular.
 
Na sua opinião, qual é o maior problema enfrentado atualmente pela população LGBT de São Paulo?
O maior problema ainda é a questão do preconceito, que se exerce sobre os LGBTs, quando vão procurar empregos, quando vão alugar imóveis e não conseguem (pois justificam que aquele lugar é ambiente familiar – ocorreu comigo e com meu marido), a questão das TTs, que sofrem muito mais pela questão da identidade de gênero (e que poucos falam), na questão de fazer valer o direito ao uso do nome social; do atendimento médico e psicológico na cidade de São Paulo, e muito mais. Vejo principalmente a questão da segurança, da educação e do trabalho, que são as que mais se deve priorizar e ir, paralelo a isto, trabalhando as demais questões já citadas.  Mas há algo que ninguém fala e que acaba em preconceito: os gays idosos. 

O candidato não respondeu a questão “De que forma pretende construir seus aliados políticos?”.

Para saber mais sobre as eleições municipais acesse o blog Eleições LGBT.

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