Dando sequência na cobertura das eleições municipais, o site A Capa enviou perguntas para todos os candidatos LGBTs a vereador na cidade de São Paulo. As mesmas questões foram enviadas para os 10 representantes da comunidade gay que concorrem a uma vaga na Câmara Municipal da cidade. A seguir você confere a entrevista com Paula Beatriz, candidata do PSOL.
Como surgiu a oportunidade de você se candidatar a vereadora?
A oportunidade surgiu após a filiação ao Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, pois sempre atuei de olho na qualidade da escola pública, na formação dos educadores e na responsabilidade das políticas públicas educacionais necessárias e urgentes.
Quais são seus diferenciais em relação aos outros candidatos?
Sou transexual, professora da rede municipal de São Paulo, pedagoga, pós-graduada em Gestão Educacional, Diretora de Escola da rede estadual de São Paulo. Tenho 41 anos. Nascida e criada em Campo Limpo, zona sul de SP. São 25 anos de magistério público, sempre respeitando os princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência expressos em nossa Carta Magna.
Quais são suas principais propostas?
1 Transparência e equilíbrio na relação com a sociedade;
2 Assegurar o desenvolvimento sustentável e, ao mesmo tempo, responder aos desafios em cooperação com outros níveis de governo. Para isso, precisamos adotar uma abordagem mais efetiva e integrada nas políticas locais e regionais, compatibilizando os objetivos ambientais, sociais, políticos, culturais e econômicos. E garantir que esforços para melhorar a qualidade de vida local não ponham em risco a qualidade de vida de pessoas noutras partes do mundo ou das gerações futuras.
3 Trabalhar pela viabilização de uma Comissão Permanente de Legislação Participativa, que busque ser uma ponte direta de contato com a sociedade civil, que quer e precisa contribuir no processo legislativo municipal e, assim, contribuir para a modernização e a democratização da Câmara;
4 Colocar nosso mandato integralmente a serviço da luta pela educação pública de qualidade. Vamos resgatar a escola em horário integral, salários dignos para os servidores da educação e defesa da ampliação das creches para nossas crianças;
5 Mobilizar a cidade para contrapor-se ao poder das empresas que monopolizam os transportes públicos em São Paulo, racionalizando o sistema de transporte;
6 Incorporar integralmente a pauta do movimento de democratização da informação. Dentre as prioridades, vamos lutar para colocar no ar a TV e a Rádio Pública Municipal e o acesso de todos à internet banda larga garantindo uma comunicação democrática na cidade;
7 Valorizar a nossa cultura, a nossa arte e os artistas. Vamos buscar construir mecanismos legais que impeçam que a Prefeitura continue humilhando nossos artistas com cachês simbólicos e editais inacessíveis. Vamos articular a educação pública e a cultura;
8 Democratizar e harmonizar o planejamento da cidade. Vamos trabalhar para uniformizar e harmonizar a legislação e os procedimentos do poder público na gestão da ocupação do solo e da mobilidade urbana, para que o Plano Diretor da cidade esteja em sincronia e devidamente hierarquizado com as leis de ocupação do solo. Vamos enfrentar a lógica dos megaeventos e da privatização do espaço urbano, queremos uma cidade para os cidadãos e não somente para os consumidores;
9 Saúde não é mercadoria e nem peça de propaganda. Vamos trabalhar para que São Paulo seja exemplo na saúde pública. Para tanto, é necessário fortalecer a Estratégia da Saúde da Família e combateremos a privatização da saúde e sucateamento do SUS. Não precisamos de mais UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), mas sim que os atuais postos de saúde e policlínicas funcionem. Vamos trabalhar a mobilização da sociedade para exigir saúde pública e de qualidade e enfrentar a privatização que se realiza através da OSS (Organização Social de Saúde);
10 Integrar ou instituir a Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT;
11 Integrar ou instituir a Frente Parlamentar em HIV/AIDS;
12 Integrar ou instituir outras Frentes Parlamentares voltadas para questões sociais e a promoção da cidadania de populações mais vulneráveis;
13 Apresentar / aprovar outras proposições a favor da garantia, defesa, promoção e proteção da cidadania e dos direitos humanos de pessoas LGBT;
14 Votar contra projetos de lei que foram, propositadamente ou não, a igualdade de direitos da população LGBT garantida pela Constituição Federal;
15 Zelar pela defesa do Estado Laico, inclusive no que diz respeito a não utilização de símbolos religiosos em repartições públicas;
16 Garantir no PPA (Plano Plurianual), LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e LOA (Lei Orçamentária Anual) recursos financeiros para ONGs LGBT e a Gestão Pública executarem ações de promoção da cidadania e dos direitos civis de LGBT.
Como você pretende ajudar a combater os ataques homofóbicos nas ruas de SP?
Vamos trabalhar para criar e consolidar legislações que protejam todas as populações historicamente oprimidas para que efetivamente a cidade de São Paulo diga não às opressões e a qualquer forma de discriminação.
Na sua opinião, qual é o maior problema enfrentado atualmente pela população LGBT de São Paulo?
A homofobia, pois "Violências dos mais variados tipos contra a população LGBT estão presentes nas diversas esferas de convívio social e constituição de identidades dos indivíduos. Suas ramificações se fazem notar no universo familiar, nas escolas, nos ambientes de trabalho, nas forças armadas, na justiça, na polícia, em diversas esferas do poder público – onde se manifesta a homofobia institucional." (Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil ano de 2011, pág. 5).
De que forma pretende construir seus aliados políticos?
Apresentando um firme compromisso com o povo de São Paulo, combatendo a desigualdade e promovendo um choque de democracia e participação, pois considero possível a enorme tarefa de construir uma São Paulo mais justa, democrática, livre e igualitária.
Para saber mais sobre os candidatos às eleições municipais acesse o blog Eleições LGBT.