Uma palavra vem à mente após a sessão de "Meu Último Round": obstinação. O filme exibido no 19º Festival de Cinema da Diversidade Sexual Mix Brasil chega hoje aos cinemas cariocas após duas semanas em São Paulo.
Hugo, um jovem cozinheiro aproxima-se de Octávio, um boxeador de meia idade que sofre de epilepsia. Com a descoberta de um aneurisma que impede o lutador de continuar nos ringues, o casal apóia-se um no outro e constroi uma relação intensa ao mudarem de cidade e partilhar o mesmo teto. O casamento é pra lá de discreto, nada assumido.
A história, recheada de drama, é muito bem conduzida pelo diretor Julio Jorquera. Enquanto Hugo tenta se adaptar a um novo emprego e se envolve de certa forma com Jenny, a filha do seu patrão, Octávio procura sobreviver, como barbeiro, agora que já não pode fazer aquilo que sabe e mais ama: lutar. Ainda assim, teimoso, ele volta a treinar, até ser desafiado a subir no ringue novamente.
Esse esboço de triângulo amoroso rende as cenas mais tensas do filme e culmina até em um ataque homofóbico. O final é um tanto quanto previsível, mas ainda assim desesperador.
"Meu Último Round" é, de algum jeito, bem parecido com "O Lutador", longa de 2009 do diretor Darren Aronofsky [Cisne Negro, 2010], que trouxe Mickey Rourke de volta às telas. A obstinação dos personagens em entrar no ringue e disputar a grande luta de suas vidas, mesmo que isso lhes custem caro, é bem construída e emocionante em ambos.
A diferença aqui é que Octávio é um personagem menos fictício que Randy Robinson. Menos solitário também e, talvez, por isso mesmo, mais egoísta.
Serviço:
25/11 às 17h30
Estação Sesc Botafogo
Rua Voluntários da Pátria, 88 – Botafogo,
(21) 2226 1988
Ingressos: R$18/ R$ 9 (meia)