A comunidade LGBTQIA+ na Índia está enfrentando uma grave crise de financiamento, conforme aponta um novo estudo que revela um déficit crítico em apoio financeiro. Com uma população estimada em 140 milhões, o país recebe menos de 1% do financiamento global destinado a causas LGBTQIA+. Apenas um dos 50 principais doadores na Índia apoia explicitamente iniciativas voltadas para esta comunidade, segundo o relatório intitulado ‘Against All Odds – Advancing Equity for India’s LGBTQIA+ Communities’, apresentado na recente inauguração do Pride Fund, o primeiro fundo de filantropia dedicado à causa LGBTQIA+ na Índia.
O Pride Fund, fundado por líderes proeminentes do movimento LGBTQIA+ como Radhika Piramal, Keshav Suri e Parmesh Shahani, tem como objetivo fechar a lacuna de financiamento na filantropia queer no país. Com um capital inicial de 2 crore de rúpias, o fundo apoiará oito ONGs lideradas por pessoas LGBTQIA+ em diversas partes da Índia, como Payana, Chhattisgarh Mitwa Sankalp Samiti, entre outras. Essas organizações foram escolhidas entre 50 candidatas, onde 29 apresentaram propostas de programas.
De acordo com o estudo da Dasra, uma organização sem fins lucrativos, a situação é alarmante: em 2021-22, a Índia recebeu apenas 2 milhões de dólares em financiamento estrangeiro para comunidades queer, representando menos de 1% do total global. A pesquisa também revela que, enquanto 59% do financiamento para iniciativas LGBTQIA+ na Índia provém de doadores internacionais, apenas 43% das ONGs nesse setor estão aptas a receber contribuições do exterior, devido à falta de registro sob a Lei de Regulamentação de Contribuições Estrangeiras.
As ONGs lideradas por pessoas LGBTQIA+ frequentemente funcionam como a única linha de apoio para indivíduos vulneráveis, mas permanecem desesperadamente subfinanciadas. Com a ajuda internacional em risco de diminuir, é imperativo que as corporações e fundações indianas intensifiquem seus esforços para preencher essa lacuna.
Apesar do crescente discurso sobre inclusão, as organizações de base, especialmente nas áreas não metropolitanas, continuam a lutar por acesso a fundos. Apenas 27% das ONGs LGBTQIA+ têm presença nacional, deixando muitas regiões desassistidas. O estudo destaca que, em 2021-22, financiadores regionais na Ásia-Pacífico contribuíram com apenas 14% para a filantropia queer, enquanto as principais áreas de doação na Índia, em 2023, focaram em saúde e educação, com apenas dois doadores priorizando explicitamente questões queer.
Os desafios enfrentados por essas organizações são exacerbados pela falta de conhecimento e compreensão sobre as questões LGBTQIA+ entre muitos financiadores domésticos, que podem hesitar em apoiar causas queer devido a fatores sociopolíticos. Além disso, barreiras linguísticas dificultam a elaboração de propostas de financiamento, especialmente para ativistas de base que podem não dominar o inglês.
Ativistas enfatizam a urgência de abordar essa lacuna de financiamento, citando a necessidade de alocação orçamentária para o bem-estar de pessoas trans e destacando que a inclusão não é uma questão de caridade, mas uma necessidade. Com o compromisso de apoiar essa comunidade, o Pride Fund representa um passo significativo na busca por maior equidade e justiça social para a população LGBTQIA+ da Índia.
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