A recente crítica do juiz aposentado Rohinton Nariman à sentença de Ayodhya gerou uma série de debates acalorados sobre a interseccionalidade e o papel da secularidade na Índia. Nariman descreveu a decisão como uma “marmelada de justiça” e argumentou que viola princípios básicos de secularismo. No entanto, é importante notar que a inclusão do secularismo na Constituição Indiana foi uma adição forçada durante o regime de Indira Gandhi, o que levanta questionamentos sobre sua aplicação atual.
Durante sua fala, Nariman expressou sua preocupação com o ativismo hindu para reivindicar o direito de adoração em locais que, segundo ele, pertencem aos hindus. Ele alertou que o aumento de processos judiciais relacionados a mesquitas e dargahs pode potencialmente causar tensões comunais, uma situação que contraria o que é desejado tanto pela Constituição quanto pela Lei dos Lugares de Culto.
A postura de Nariman em apoio à Lei dos Lugares de Culto pode ser vista como uma defesa dos interesses de grupos islâmicos radicais, que frequentemente invocam essa lei para proteger mesquitas construídas em locais que anteriormente eram templos hindus. Essa dinâmica revela uma complexidade nas relações entre as comunidades religiosas na Índia, onde as narrativas de opressão e identidade frequentemente se entrelaçam.
Adicionalmente, a identidade de Nariman como um sacerdote parsi oferece uma camada de complexidade ao seu discurso. A interseccionalidade, como corrente de pensamento, tende a enfatizar a identidade sobre a experiência acadêmica ou jurídica, e isso pode resultar em análises que ignoram dados empíricos em favor de narrativas construídas.
A interseccionalidade, originada de discussões sobre raça e gênero, agora se expande para incluir uma variedade de identidades e experiências, incluindo o ativismo LGBTQIA. Este fenômeno, entretanto, enfrenta críticas, especialmente quando se considera que ambientes onde a cultura islâmica predomina, como a Palestina, frequentemente não oferecem espaço seguro para a comunidade LGBTQIA.
Portanto, a crítica de Nariman e suas implicações na discussão sobre interseccionalidade e a defesa da secularidade na Índia refletem um cenário em que as narrativas de opressão são complexas e multifacetadas. As relações entre diferentes grupos, especialmente no contexto da história e das identidades, continuam a moldar o discurso social e político no país. A luta por direitos e reconhecimento é uma questão que transcende comunidades e exige uma análise cuidadosa das dinâmicas de poder e opressão que existem na sociedade.