A Cruz Vermelha da Tailândia resolveu rejeitar as doações de sangue de homens homossexuais, numa decisão que motivou protestos e forte oposição de organizações que lutam pelos direitos humanos.
Segundo notícia publicada no site BangkokPost, a decisão veio depois de um estudo indicar que homens que fazem sexo com outros homens corriam risco de contrair HIV/AIDS e transmitir o vírus recém adquirido.
A Cruz Vermelha afirmou que possui uma enorme quantia de sangue inutilizado por terem tido resultado positivo no exame de HIV. A maioria desse sangue vinha de homens gays que haviam transado com outros homens sem camisinha de acordo com entrevistas e testes preliminares, afirmou Soisaang Pikulsod, diretora do Centro Nacional de Sangue.
Por razões de segurança, o banco de sangue está identificando pessoas pertencentes a grupos de risco aplicando questionários. Aos doadores é questionado se são homossexuais, já as mulheres devem responder se tiveram relações sexuais recentemente com homens estrangeiros vindos de países onde a taxa de incidência de Aids é alta.
“A Cruz Vermelha da Tailândia tem o direito de proteger os pacientes que estão esperando por uma transfusão de sangue para salvar suas vidas de doadores específicos que tem uma conduta sexual de risco” afirmou Pikusod. “A nova regra também seguida pela Organização Mundial da Saúde”, acrescentou.
“Questionários e declarações podem ser usadas para reduzir o risco de aceitar doadores que tenham o sangue infectado com o HIV” justificou a diretora. “É responsabilidade dos doadores assegurar que seus sangues tenham boa qualidade. É religioso e moralmente errado se você não se importa com sua conduta de risco, o que pode acabar colocando a vida de outras pessoas em grande risco também”, alertou.
A Comissão Nacional de Direitos Humanos se opôs a nova regra e planeja entrar com ação na Suprema Corte para que a Cruz Vermelha não pergunte aos doadores se eles são gays. “O que eles estão fazendo é equivalente a discriminação sexual”, declarou Naiyana Supapueng, comissária de direitos humanos. “A princípio a Cruz Vermelha não pode vir com uma total rejeição. Tirar direitos das pessoas não é a coisa certa a ser feita”, acrescentou.
A medida é polêmica, mas até ativistas gays concordam com ela. Natee Teerarojjanapongs, lider do Gay Political Group of Thailand (Grupo politico gay da Tailândia), que primeiro solicitou ao Centro que continuasse aceitando doações de sangue de homossexuais, afirmou que agora entende a nova regra. Natee levou em consideração um estudo nacional que mostrou a alta incidência de HIV no país, só em Bangkok, superior a 28%, e que o alto risco de contrair a doença prevalece em homens gays.
O ativista ressaltou a importância de fortalecer as campanhas pelo uso da camisinha. Uma população estimada em meio milhão de pessoas vive com HIV/Aids na Tailândia. Atualmente o país apresenta cerca de 14 mil novos casos a cada ano.