O cantor Daniel Peixoto lançou nesta terça-feira (12) seu primeiro disco solo, "Mastigando Humanos", em show apoteótico no SESC Pompeia, no evento "Prata da Casa", que recebe todas as terças-feiras novos artistas do cenário brasileiro.
Para quem não sabe, Daniel Peixoto surgiu no começo do século 21 como frontman do duo Montage, que além dele também era composto por Leco, responsável pelos bits e ritmos do extinto projeto de eletro. Cearense, Daniel Peixoto chamou a atenção da mídia e do público por conta de suas performances viscerais e de suas músicas "Raio de fogo", "I trust my dealer" e "Benflogin", que viraram hinos à época.
O Montage se tornou um fenômeno musical da cena underground e é responsável por uma das apresentações mais polêmicas que a Feira Cultural LGBT da Parada Gay de São Paulo recebeu em 2008. Daniel causou certa tensão com a organização durante a apresentação, pois a todo momento ameaçava ficar nu – só ficou no quase, para tristeza do público e alívio dos organizadores.
Em meados de 2009, foi anunciado que o Montage deixaria de existir e que Daniel seguiria sozinho. Muita gente comentava que o vocalista passaria a viver na sombra do trabalho realizado à frente de sua extinta banda. Quem esteve presente na apresentação realizada ontem pode conferir o contrário e prestigiar um Daniel Peixoto em plena forma e pronto para seguir adiante com os seus humanos mastigados.
"Mastigando Humanos"
Antes do show em si, o DJ Chernobyl, que trabalhou junto com Daniel na produção do disco, abriu o show com um setlist acertado e que criou todo o clima para envolver o público. Daniel subiu ao palco por volta das 21h20 vestido de brigadeiro, modelo confeccionado pelo estilista Walério Araújo.
Daniel abriu a apresentação com a intimista "Olhos castanhos". Durante a 1h30 de apresentação, destaque para a performance de "Eu só paro se cair", onde o cantor assume as guitarras e manda ver numa versão roqueira da fervida canção.
Outro grande momento do show foi quando os músicos saíram de cena e voltaram todos vestidos com roupas de praia para interpretar "Praia do futuro". Em seguida, o público foi ao delírio com a canção "Flei", que Daniel canta em parceria com Nayra Costa. Ainda com Nayra, Peixoto cantou "Don’t give up", outro grande momento do show.
Posteriormente, Daniel Peixoto cantou "Desacelerar", que é uma homenagem ao artista plástico e conterrâneo Leonilson. Segundo Daniel, seu disco também tem musica triste, "pois não dá pra ser feliz sempre". E assim, do eletro ao candomblé e do rock ao tecnobrega, Daniel apresentou seu álbum estreia ao público paulistano.
E o que dizer do show e do primeiro trabalho solo de Daniel Peixoto? A performance ousada e absurda continua lá e Daniel prova que existe vida depois do Montage, mas sem negar suas raízes profissionais, até porque seu trabalho de estreia está repleto de referências musicais do seu antigo projeto. O cantor vai além e também trabalha com ritmos nordestinos, o que só enriquece sua música.
Por fim, cabe aqui uma comparação: em 1996, o cantor Otto deixava o grupo Mundo Livre S/A para seguir carreira solo. À época, muita gente duvidava de seus novos caminhos, mas com o lançamento de "Samba pra burro", Otto surpreendeu a todos ao misturar samba e bossa com música eletrônica. Fez história. Hoje, Otto é um artista consagrado. Daniel Peixoto segue pelo mesmo caminho. Para a nossa sorte.
*Colaboraram Régis Olivar e Diana C.
A seguir, veja fotos e vídeo do show.