Terminou neste sábado (25) o "Diversidade na Cultura", evento promovido pela Livraria Cultura, Editora Malagueta, site e revista A Capa e Baobá Comunicação. A mesa discutiu a questão da pauta gay na grande imprensa e o quanto a temática LGBT avançou na mídia como um todo.
Participaram do debate, que teve mediação do editor-chefe do site e revista A Capa, Paco Llistó, as jornalistas Ciça Vallerio (do jornal O Estado de São Paulo) e Kátia Mello, e o blogueiro Duilio Ferronato, do portal R7.
Duilio Ferronato iniciou o bate-papo contando a sua trajetória ao lado do ativismo. Ferronato disse que, quando jovem, esteve ligado à questão de defesa dos animais e que foi com essa experiência que ele aprendeu que não é com "xingamento e cara feia" que se avança. Para ele, esse tipo de ativismo agressivo "não leva a lugar nenhum", acrescentando que é com "esclarecimento" que se vence preconceitos.
Sobre a relação entre os LGBT e a grande imprensa, Ferronato foi categórico ao dizer que hoje em dia há um significativo avanço na abordagem e representação dos gays na mídia. Na visão do blogueiro, é justamente por esse crescimento de atenção da grande imprensa às questões LGBT que a homofobia tende a aumentar. Ferronato também pontuou que se chegou em um momento em que a mídia "não pode mais ignorar" as questões gays.
Na sequência, a jornalista Ciça Vallerio relatou algumas experiências que teve com pautas LGBT. Vallerio revelou que uma vez fez uma reportagem sobre noite lésbica, mas que o jornal não a liberou por considerá-la "muito moderna".
Ciça relatou que sempre pensa as pautas no sentido de romper o esquema papai x mamãe que impera. Mas, mesmo acreditando que há um avanço no espaço dado para o tema LGBT, a jornalista diz que os editores sempre vão dar um tom "mais higienista". Ciça disse que a transexual Lea T. só está na capa do suplemento feminino (publicado neste domingo no Estadão) porque há um "glamour" em torno do nome dela.
Por sua vez, Kátia Mello, que recentemente foi uma das autoras de matéria de capa da revista "Época" sobre a homofobia no Brasil, revelou que na publicação ela não sofreu muitos filtros. A jornalista comentou ainda o fato de que o veto ao "Kit Escola Sem Homofobia" causou um grande debate no país e que isso precisa ser visto como algo "positivo".
Mello também elogiou o trabalho do atual presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis. "O Toni Reis é uma pessoa ótima, a gente liga pra ele e ele tem todos os dados na cabeça… É de pessoas assim que o movimento precisa", disse.
Mas a jornalista destacou que boa parte das organizações gays precisam trabalhar melhor a questão de comunicação, pois por conta disso muitos jornalistas ficam sem saber o que está acontecendo. Ao fim de sua fala, Kátia Mello voltou a defender que há um grande avanço e deu como exemplo a pesquisa da Fundação Perseu Abramo sobre homofobia, que, de acordo com a jornalista, foi repercutida por 456 veículos de imprensa.
A mesa sobre a pauta gay na grande imprensa encerrou o evento "Diversidade na Cultura", que durante os dias 23, 24 e 25 realizou debates sobre lésbicas e gays na blogosfera e a construção de personagens gays e lésbicas na literatura. Uma segunda edição do evento já está sendo planejada pelos organizadores.