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Debate sobre mercado e militância marca lançamento de livro em São Paulo

Um debate sobre a dualidade "militância x mercado" norteou o lançamento do livro "Na trilha do Arco-Íris – do movimento homossexual ao LGBT", que aconteceu na segunda-feira (08/06) na livraria Martins Fontes da avenida Paulista.

A obra dos antropólogos Regina Facchini e Julio Simões acaba de ser lançada pela Editora da Fundação Perseu Abramo e já é – sem exageros – referência para os que desejam realizar estudos sobre a história do movimento gay brasileiro.

Como explicaram no início do bate-papo, o trabalho de ambos foi de juntar o conhecimento produzido sobre essa história e que estava esparso em algumas bibliografias. Após breve fala de cada um dos pesquisadores o espaço foi aberto para perguntas do público presente.

Questionada sobre o crescimento da produção acadêmica sobre a temática LGBT e a falta de tino das universidades para lidar com a questão, como ficou explicitado após os casos na Usp e UFMG a antropóloga Regina Facchini apontou que o caminho do diálogo e articulação é um caminho a se percorrer.

A discussão sobre mercado e movimento veio em seguida. Para Regina, esses dois agentes têm alguns interesses comuns, mas muitas vezes acontecem momentos de conflitos. "Geralmente é a militância quem vai se preocupar com o sujeito político que tem menos dinheiro, como as travestis, por exemplo".  A antropóloga, que já foi vice-presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, lembrou de uma pesquisa feita há cerca de dois anos na manifestação que revelava uma renda per capita ou familiar da comunidade gay bastante próxima ao dos heterossexuais. "Não era muito maior", apontou.

"É importante lembrar também dos pioneiros desse seguimento, lá na década de 90. Houve esforço, empenho. Eles se consideravam de certa forma ativistas, já que tinham um discurso comum com o movimento, que era o da visibilidade", relembrou Regina. Para ela é importante que existam tanto iniciativas de mercado quanto de militância.

"Ultimamente", continuou, "o movimento tem falado muito a linguagem da política, que muitas vezes não é tão próxima, como a do mercado". Simões ressaltou o fato de o mercado ser hoje um grande formador de identidade. "A Parada é um momento em que essas duas linguagens estão próximas. Já que é a união do movimento com aquele sujeito que forma a sua base", observou Facchini.

A imprensa também foi um dos assuntos discutidos durante o lançamento. Júlio Simões classificou o jornal Lampião da Esquina como um dos atores do movimento homossexual, na ocasião de seu surgimento. "O tema da homossexualidade era muito comum nos veículos da imprensa alternativa. Com a abertura, esses temas foram surrupiados pela grande imprensa e hoje ela está nesse mesmo patamar que discutimos sobre mercado".

A questão dos ativistas independentes e dos autonomistas do movimento LGBT também foi discutida. Regina classificou como positiva e disse que o ideal é que haja espaço tanto para o setor do movimento que se articula em torno de advocacy – pressão e lobby em torno de questões parlamentares e políticas públicas – quanto para outras atividades e mobilizações.

Por fim, foi debatida a I Conferência Nacional LGBT. Regina acredita que o espaço de articulação e interação foi maior do que quando ocorre um encontro nacional de uma letra da sigla do movimento.

Após o bate-papo os autores autografaram exemplares de livros para os presentes.

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