Na última semana, a administração Trump fez um movimento controverso ao direcionar os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos a investigar o que eles chamam de “arrepentimento” após a transição de pessoas transgênero. Este novo foco ocorre em meio a um cenário de cortes severos, onde quase todos os projetos de pesquisa sobre saúde trans foram descontinuados. O NIH, que é o maior financiador público de ciência biomédica no mundo, recebeu a ordem para priorizar pesquisas que abordem as consequências negativas da transição de gênero, incluindo o que a administração descreve como “mutilação química e cirúrgica”. Esta decisão gerou uma onda de críticas entre cientistas e defensores dos direitos LGBTQIA+, que argumentam que essa abordagem é ideologicamente motivada e não reflete a realidade da experiência trans. De acordo com os dados, menos de 1% das pessoas trans que se submetem a cirurgias de afirmação de gênero relatam arrependimento, contrastando com 14,4% da população geral que se arrepende após qualquer tipo de cirurgia. Essa mudança em direção a uma pesquisa que enfatiza os aspectos negativos da transição levanta preocupações sobre a criação de um ecossistema de pesquisa distorcido, onde apenas achados politicamente favoráveis são permitidos. Especialistas em saúde, como Harry Barbee, da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, enfatizam a necessidade urgente de mais estudos que explorem a experiência das pessoas trans de forma holística, incluindo os fatores que podem levar à insatisfação após a transição, mas ressaltam que a ênfase exclusiva em consequências negativas é inadequada e prejudicial. No contexto atual, a luta pela pesquisa em saúde trans e a defesa dos direitos das pessoas trans continua a ser uma questão crítica, especialmente em face de políticas que ameaçam silenciar as vozes e as necessidades dessa comunidade já marginalizada.
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