A recente decisão da Suprema Corte de Trinidad e Tobago trouxe um retrocesso significativo para os direitos LGBTQ+ no país, ao reinstaurar uma lei colonial de 1925 que proíbe a intimidade entre pessoas do mesmo sexo. Essa mudança reverte a vitória histórica de 2018, quando o ativista Jason Jones conseguiu derrubar essa legislação, promovendo a esperança de um futuro mais inclusivo para a comunidade LGBTQ+ na região. Agora, essa questão crucial será decidida pelo Privy Council em Londres.
A decisão de 2018 foi um marco, pois reconheceu que a lei violava a dignidade e os direitos individuais. Contudo, o governo de Trinidad e Tobago recorreu, alegando que a antiga legislação ainda se aplica devido a uma cláusula de “salvaguardas”, que foi criada para facilitar a transição do país após a independência em 1962. O ativista Jason Jones critica essa manobra, afirmando que a cláusula não deveria mais proteger uma lei que contraria os direitos humanos e a igualdade.
Com a nova decisão, o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido atualizou suas orientações de viagem, alertando que a atividade consensual entre homens é novamente considerada um crime, com pena de até cinco anos de prisão. Embora a aplicação da lei seja rara, sua existência perpetua o medo e a discriminação contra a comunidade LGBTQ+.
Membros da comunidade, como Kennedy Maraj, do Pride TT, expressaram sua indignação, afirmando que essa reversão é uma traição aos direitos conquistados. Patrick Lee Loy, um dos poucos homens abertamente gays do país, compartilhou seu choque e raiva, ressaltando que muitos LGBTQ+ vivem com medo constante de represálias, incluindo violência física e discriminação no trabalho.
A sociedade trinitária, muitas vezes marcada por crenças religiosas conservadoras, continua a ver a homossexualidade como um tabu, com igrejas evangélicas e pentecostais frequentemente se opondo a direitos LGBTQ+. A reinstauração dessa lei não apenas impacta a segurança e os direitos civis, mas também enfraquece o progresso que já havia sido alcançado em outras nações do Caribe que aboliram legislações semelhantes.
Se o Privy Council decidir a favor da manutenção da lei, Jones afirma que será necessário reconsiderar a relevância dessa instituição, que estaria se curvando a normas obsoletas. A luta pelos direitos LGBTQ+ em Trinidad e Tobago e na região do Caribe é um lembrete de que a proteção legal é fundamental para garantir a dignidade e a segurança de todos os cidadãos, independentemente de sua orientação sexual.