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“Deixa a criança viver. A sociedade precisa abrir a mente”, diz pais de bebê não-binário

A história de Ariel, recém-nascido, filho de Taynan Carneiro, de 18 anos, e Yudi Luiz Santos, de 25, naturais de Camaragibe, Pernambuco, viralizou nas redes sociais nesta terça-feira, após o site Diário de Pernambuco publicar uma matéria contando a história dos pais que resolveram criar seu filho como um bebê “não-binário”. Para os parentes, embora tenha nascido com a genitália masculina, se no futuro Ariel descobrir que não se identifica com o gênero masculino, não tem problema nenhum. Por esse motivo a escolha do nome Ariel, segundo a mãe, justamente por não ser exclusivo de um sexo. A decoração do quarto da criança e as vestimentas são de cores neutras. Porém, com a repercussão, vieram as críticas à família. Nas redes sociais, internautas invadiram o perfil no Facebook de Taynan com comentários negativos. “Estou em choque por causa dos comentários negativos. A sociedade tem que abrir a mente, é uma coisa de construção. Deixa a criança viver, ser feliz. Ele não precisa de gênero para ser uma criança. Ariel acordou chorando desesperadamente com esse monte de energia ruim para ele, e eu sem entender o choro”, comentou a mãe. Paralelo aos comentários maldosos, muitos de apoio e congratulação aos pais pelo carinho e respeito ao filho. “Vou até repetir o que vocês já sabem: o que importa é o amor dos que nos cercam”, escreveu um internauta. “Seu bebê é lindo, que tenha muita luz e cresça saudável”, comentou outro. Atualmente, Taynan mantém um relacionamento com Yudi, que é um homem transgênero. O casal se conheceu em 2015, mas o namoro foi interrompido depois em 2016, quando ela conheceu o pai biológico de Ariel e engravidou. “A gravidez foi uma surpresa. Sempre quis ser mãe, mas não me sentia pronta para esse momento. Desde o momento em que soube que estava grávida, foi o Yudi que me deu muita força sempre me ajudando e procurando resgatar o meu melhor. Me afastei do pai biológico de Ariel e reatei o namoro com Yudi. Ele estava comigo em todo momento, 24 horas na maternidade. Tive parto normal, humanizado, e a gente desde então não tem tido problema por questão do bebê”, completa a jovem. Também no microblog, Yudi explicou que tanto ele, quanto Taynan, são militantes de causas sociais, portanto, para ele, tratar o filho como uma criança não-binária não é problema, pelo contrário, pode evitar que no futuro ele sofra caso se descubra transgênero. “Eu e Taynan somos militantes de causas sociais e, dentro dessa perspectiva começamos a entender o que é a construção de gênero e essa proposta de criar Ariel em um modelo em que ele se sinta livre, sem determinar roupas e brinquedos. Se é menino, menina ou não-binário, é algo que ele vai decidir, vai ser uma pessoa desconstruída de machismo desde pequena. Ele vai ver, por exemplo, um menino brincando de boneca e entender isso como algo normal. Eu também não tive imposições, brincava de bola, de tudo. Mas, sendo um homem trans, eu sei das dificuldades que passo no dia a dia para que minha dignidade homem seja respeitada”, escreveu Yudi em seu perfil no Facebook. “Ser PAI vai muito além da genética, tipo sanguíneo e mais além ainda de um papel de registro. Você, Ariel, é o melhor presente que eu ganhei na vida. (Ser pai) é saber que você reconhece minha voz desde dentro da barriga, é sentir o amor recíproco a cada sorriso teu em meio das madrugadas sem dormir”, completou.

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