Um caso alarmante veio à tona em Palmas, Tocantins, onde um pastor da Catedral da Família foi denunciado ao Ministério Público após orar por uma menina de apenas 13 anos, clamando por uma “cura gay”. O pastor, Luiz Jesus, foi gravado em um vídeo que se tornou viral nas redes sociais, onde ele pede a Deus para expulsar o “demônio” da homossexualidade que estaria possuindo a jovem. Na gravação, ele faz afirmações chocantes, como a de que a menina já tinha um nome masculino no “mundo espiritual” e que, a partir daquele momento, seus desejos seriam mudados, indicando que ela deveria se vestir como uma mulher e fertilizar a ideia de um futuro casamento com um homem.
A repercussão foi instantânea e levou ao Coletivo SOMOS, um grupo de vereadores de Palmas, a formalizar uma denuncia no Ministério Público no dia 29 de novembro. O coletivo argumenta que as declarações do pastor não apenas reforçam preconceitos, mas também prejudicam a saúde mental da comunidade LGBTQIA+, além de suscitarem ameaças à vida ao oferecerem curas milagrosas para doenças sérias. Em uma dessas deploráveis ocasiões, também foi registrado um incidente em que uma idosa, após uma “cura”, vomitou em um balde, levando o pastor a declarar que ela havia “vomitado o câncer”.
Esses episódios tratam a homossexualidade como uma enfermidade que precisa ser curada, o que contraria não apenas as evidências científicas, mas também os direitos constitucionais. A denúncia é embasada por legislações como a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente, e foi encaminhada à Promotoria de Justiça da Capital, que defende os direitos humanos e as minorias.
Em resposta às críticas, o pastor Luiz Jesus afirmou que o vídeo foi tirado de contexto. Segundo ele, a intenção das orações não era curar a homossexualidade da menina, mas sim lidar com insônias que ela estava enfrentando. Ele afirmou, “Quando eu falo do demônio, me refiro apenas ao que estava atrapalhando o sono dela, e não à homossexualidade”. Entretanto, essa justificativa não convenceu muitos, especialmente considerando o histórico de discursos homofóbicos frequentemente ligados a tais religiões.
O pai da menina defendeu o pastor, argumentando que a questão relacionada à saúde da filha estava mal interpretada e que a menina também estava em um processo de aceitação em relação a seus sentimentos por outras meninas. No entanto, ele não negou o momento em que o pastor fez premonições sobre a vida dela, especulando que ela se casaria e teria filhos no futuro.
Este episódio evidencia a necessidade de um compromisso mais significativo com a saúde mental e os direitos de pessoas LGBTQIA+, especialmente quando se trata do bem-estar de crianças e adolescentes em ambientes religiosos que perpetuam ideologias prejudiciais. Os desdobramentos desse caso e a resposta das autoridades e da sociedade serão cruciais para o futuro das discussões em torno da aceitação e da identidade sexual.