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Depois do arco-íris, bandeira da comunidade trans promete viralizar nesta sexta

Se na última sexta-feira (26) a bandeira do arco-íris viralizou no Facebook, nesta sexta-feira (3) é a vez de outra bandeira ocupar espaço nas redes sociais e falar sobre um assunto importante: a comunidade de travestis, mulheres transexuais, homens trans e outras transgeneridades.

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A iniciativa surge no Brasil para dar visibilidade ao grupo T, falar sobre a transfobia presente no país e repudiar os números alarmantes de assassinatos, que coloca o Brasil como o país que mais mata travestis e mulheres transexuais no mundo. Somente neste ano, foram mais de 70 assassinatos motivados por transfobia.

A projetista Patrícia Castro, de 34 anos, uma das primeiras a mudar para a bandeira azul, branco e rosa, revela ao A CAPA que o objetivo é mostrar "que dentro da comunidade LGBT as pessoas trans são as que mais sofrem com o preconceito e com a violência". "Aderir à bandeira trans é dar voz ao nosso movimento, é dizer um basta às violências sofridas, sejam elas físicas ou morais, como o simples fato de ir ao banheiro".

Dois casos recentes de transfobia são lembrados pela estudante de psicologia Sofia Favero, de 21 anos, da página Travesti Reflexiva. Um envolvendo Laura Vermont, travesti que foi assassinada por espancamento e tiro, e outro Verônica Bolina, travesti que foi torturada e espancada por policiais.

"A importância de visibilizar a bandeira trans, após a morte da Laura e das agressões sofridas por Veronica – ambos os casos com o mesmo agressor: o braço do Estado, a polícia – é a de mostrar que resistimos e que nos apoiamos, que nossa luta LGBT precisa interagir, que necessitamos interseccionar", declara. 
 


Patricia de Castro e Sofia Favero: "Necessitamos intersecionalizar as causas"
 

Grupos importantes e voltados à comunidade LGBT no Facebook, como Cartazes e Tirinhas LGBT, Travesti Reflexiva, Mundo T-Girl entre outras, apoiam a campanha.

MAS POR QUE UMA BANDEIRA TRANS SENDO QUE A DO ARCO-ÌRIS ENGLOBA TODOS?

A comum pergunta é respondida por Patricia: "Dentro do movimento LGBT, a sigla T tem representado apenas a 'Transparência', nada mais. Somos silenciadas, deslegitimadas e até violentadas, muitas vezes dentro do movimento. Nenhuma abordagem na luta contra o preconceito é visando as pessoas trans. Tudo gira em torno da homofobia, fazem programas para combater a homofobia no trabalho, nas escolas e nas comunidades. Esquecem que sofremos transfobia".

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Dentre as pautas diferentes da comunidade LGB cis (a pessoa que não é trans), ela destaca o respeito à identidade de gênero nas escolas, no trabalho e em todos os lugares de convivência, com a intenção de evitar constrangimentos. "Ainda hoje precisamos passar anos mendigando tratamentos médicos para adquirir um laudo que conste que somos doentes para, então, poder recorrer na Justiça o direito de mudar o nosso corpo e os nossos documentos", frisa.

Além disso, de acordo com a Articulação Nacional das Travestis e Mulheres Transexuais – a Antra – mais de 90% do grupo trabalha na prostituição, muitas vezes devido ao estigma, a exclusão e ao preconceito. 

Lam Matos, de 32 anos, coordenador do IBRAT-DF – Instituto Brasileiro de Transmasculinidades – apoia a campanha das bandeiras e diz que torce para que ela não seja apenas um modismo e que a visibilidade ajude na luta por direitos. "Dar essa visibilidade significa mostrar para o mundo que pessoas trans existem e que merecem ter qualidade de vida. Queremos que o Estado a necessidade de garantir meios seguros para que essas pessoas façam seus tratamentos com um acompanhamento médico seguro e que passem pelos processos jurídicos de retificação de nome de forma respeitosa e segura".

COMO FAZER? 

Para quem gostou da ideia e quer participar, há duas ferramentas para mudar a foto do perfil. Clique aqui ou aqui, e ajude na visibilidade trans!

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