Ainda dentro do plenário José Bonifácio, da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, logo após uma sessão extraordinária da Comissão de Direitos Humanos, um militante do grupo LGBT do PSDB foi discriminado pelo deputado estadual Luciano Batista (PSB) na tarde de terça-feira 17/06.
Em mais uma manobra da bancada evangélica, o deputado Luciano Batista (foto abaixo a direita) pediu vistas do PL 1.068/07 (que pretende revogar a Lei Estadual 10.948/01, que pune a discriminação por orientação sexual). O pedido de vistas é uma manobra regimental que visa vencer o prazo de apreciação do projeto pela Comissão de Direitos Humanos, onde certamente seria rejeitado.
Ao final da sessão, Wagner Tronolone, da Diversidade Tucana (grupo LGBT do PSDB) e assessor do deputado Alberto Goldman ( PSDB-SP) e Paulo Mariante, do grupo Identidade de Campinas, foram alertar o deputado sobre as conseqüências daquele ato – ou seja, de que a CDH (Comissão de Direitos Humanos) pediria a chance de se pronunciar sobre o projeto. Inconformado com a desculpa do deputado em dizer que havia pedido vistas porque não conhecia o projeto, Wagner disse: "Deputado, eu sou gay e sei o quanto é difícil assumir uma coisa. O senhor tem o direito a pedir vistas, mas assuma o que está fazendo e o motivo disso".
Dito isso, Wagner deu às costas e estava saindo, quando foi chamado pelo deputado com as palavras "Ei, menininha!". Ao escutar tal ofensa Tronolone voltou ao deputado e lhe perguntou se o tinha chamado de "menininha", e ele disse que sim, que o chamou assim, por ele ter dito que era gay.
Por conta disso, Wagner disse ao deputado que a lei (10.948/01) ainda está em vigor. "O senhor tome cuidado antes de me discriminar", disse o rapaz. Não satisfeito, o parlamentar foi a direção de Tronolone, ficou frente a frente e disse, "Ah, é? E o que você vai fazer? O que você vai fazer?". Após isso, um membro da executiva do PV entrou no meio e pediu ao deputado para parar com aquilo.
Em entrevista ao site A Capa, Wagner Tronolone, informou que irá processar o deputado. "Ele vai sentir na pele a importância dessa lei para todos nós, o importante instrumento de combate à homofobia e o que ela é", declarou o rapaz. O dirigente da Diversidade Tucana disse ainda que, irá entrar com processo por "Quebra de Decoro parlamentar, pois se trata de discriminação em plena Assembléia Legislativa de São Paulo".
Durante conversa com a reportagem na tarde de hoje, o deputado Luciano Batista foi enfático ao dizer que não houve discriminação. Ele revelou ter "brincado" com Wagner, "no momento em que pedi vistas, este menino veio com o dedo em riste dizendo que eu deveria me abster, eu disse que não, queria ter conhecimento do que se tratava. Ao chamá-lo de menino ele disse que não era menino e sim gay. Então eu o chamei de menina, mas brincando", afirmou o parlamentar.
Sobre ser processado o deputado disse não ver problemas, "ele tem esse direito, mas vai perder (o processo), por que não houve discriminação". Falou ainda sentir-se mal com essa discussão, pois revelou ser um defensor da causa LGBT, "o Agnelo é meu amigo, mas eu votarei contrário ao projeto dele, pois considero essa lei uma evolução para a cidade de São Paulo. E outra, em São Vicente (cidade de atuação do deputado) nós apoiamos a parada gay e quando o Ministério Público tentou fechar a Barraca da Cris (ponto de encontro gay de São Vicente) eu fui o único a ir defender, e até hoje nós apoiamos a Barraca da Cris",ressaltou.