Entre leis restritivas e cortes em políticas DEI, a comunidade LGBTQIA+ nas universidades do Arizona busca apoio e visibilidade
Nos últimos anos, a crescente onda de leis anti-trans tem colocado em xeque os direitos e a segurança da comunidade LGBTQIA+ nos Estados Unidos, incluindo em estados como o Arizona. Atualmente, o legislativo do Arizona avalia 11 projetos de lei direcionados a restringir direitos das pessoas trans, abrangendo desde o acesso à saúde até o uso de nomes e pronomes adequados nas escolas. Essa conjuntura tem gerado um ambiente de medo e insegurança para os estudantes queer, que, mesmo diante dos retrocessos, resistem buscando apoio mútuo e espaços seguros dentro das universidades.
Legislação e seus impactos
Um dos exemplos mais emblemáticos é o Projeto de Lei do Senado 1002, já aprovado pelo Legislativo do Arizona, que exige consentimento dos pais para que funcionários escolares possam chamar estudantes menores de idade por nomes ou pronomes que diferem dos oficiais em documentos governamentais. A justificativa apresentada pelos defensores da lei gira em torno da proteção à saúde mental das crianças, especialmente em casos de disforia de gênero, porém especialistas alertam que essas medidas podem agravar o sofrimento emocional e mental dessas pessoas.
Contrapondo-se a essas medidas, líderes progressistas e representantes da comunidade afirmam que tais leis são ferramentas de discriminação que promovem o bullying e o isolamento de estudantes trans. Para muitos jovens, a simples validação do seu nome e identidade é fundamental para seu bem-estar, e a exigência de uma autorização formal dos pais representa um enorme obstáculo e uma violação de sua autonomia.
Pressões federais e cortes em políticas DEI
Além das iniciativas estaduais, a pressão federal tem ampliado os desafios enfrentados por estudantes queer. Ordenanças executivas da administração Trump, como a que busca eliminar programas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) em instituições públicas, resultaram em mudanças bruscas em universidades do Arizona. Na Arizona State University (ASU), por exemplo, menções explícitas à comunidade LGBTQIA+ foram removidas de páginas oficiais e recursos foram consolidados, dificultando o acesso a informações e suporte.
Essa retirada institucional tem provocado uma sensação de abandono entre estudantes queer, que relatam sentir-se inseguros e desamparados. Em resposta, grupos estudantis e associações LGBTQIA+ têm se mobilizado para ocupar esse vácuo, promovendo eventos, encontros privados e atividades que reafirmam o direito à existência e à visibilidade.
Resiliência e união da comunidade queer nas universidades
A despeito dos obstáculos, a força e a união da comunidade queer nas universidades do Arizona se destacam. A ASU, por exemplo, abriga cerca de 65 clubes afiliados à causa LGBTQIA+, abrangendo desde grupos sociais até coletivos de performance e profissionais. Espaços como a Qmunity oferecem eventos regulares que vão de noites de jogos a shows de drag, criando ambientes onde os estudantes podem simplesmente ser, sem medo.
Estudantes entrevistados revelam que esses espaços são essenciais para o fortalecimento da identidade e da saúde mental, especialmente em tempos de hostilidade crescente. A solidariedade entre pares, o compartilhamento de informações sobre segurança e a criação de redes de apoio têm sido estratégias fundamentais para enfrentar as dificuldades impostas pelas leis e cortes em políticas públicas.
Olhando para a história e o futuro
Enquanto a comunidade queer enfrenta ataques sistemáticos, há também um movimento crescente de resistência e conscientização. Jovens ativistas e aliados ressaltam a importância de conhecer a história das lutas LGBTQIA+, inspirando-se em figuras icônicas como Marsha P. Johnson, para fortalecer a luta por direitos e reconhecimento.
Além disso, organizações como The Trevor Project, que oferecem suporte especializado para jovens LGBTQIA+, enfrentam incertezas devido a cortes orçamentários propostos, o que torna ainda mais urgente a mobilização comunitária e o fortalecimento de redes locais de acolhimento.
Em meio a esse cenário turbulento, o chamado é para que a sociedade, as instituições e os governos reconheçam a importância da diversidade e garantam espaços seguros para que os estudantes queer possam viver e estudar com dignidade, respeito e liberdade para ocupar seu lugar no mundo.
Se você ou alguém que conhece precisa de apoio, a linha de prevenção ao suicídio 988 está disponível 24 horas por dia, oferecendo acolhimento e ajuda imediata.