Governador da Flórida ignora comunidades mais impactadas no aniversário do ataque em bar LGBTQIA+
No aniversário do massacre de Pulse, um dos episódios mais trágicos da história LGBTQIA+ nos Estados Unidos, o governador da Flórida, Ron DeSantis, escolheu ignorar as comunidades que mais sofreram com a violência: LGBTQIA+ e Latinx.
Em 12 de junho de 2016, um atirador invadiu uma boate gay em Orlando, durante a noite dedicada à comunidade Latinx, ceifando a vida de 49 pessoas e ferindo outras 53. Este ataque brutal permanece marcado na memória global como um símbolo da violência motivada pelo ódio contra pessoas queer e latinas.
O apagamento das comunidades afetadas
Na declaração oficial emitida em 2025, DeSantis se referiu ao ataque como um ato de terrorismo, mas omitindo qualquer menção às pessoas LGBTQIA+ e Latinx. Enquanto nos últimos anos seu governo reconhecia explicitamente que o massacre foi dirigido contra essas comunidades, neste ano houve um apagamento doloroso.
Organizações como o Contigo Fund, que surgiu para apoiar pessoas LGBTQIA+ de cor na Flórida após o massacre, denunciaram a tentativa de apagar essas identidades e histórias. “Querem que desapareçamos — da memória pública, das políticas, dos espaços onde decisões sobre nossas vidas são tomadas”, afirmou o coletivo, reafirmando a necessidade de fortalecer as próprias comunidades para garantir sobrevivência e resistência.
Repercussão e críticas
Brandon Wolf, sobrevivente de Pulse e porta-voz da Human Rights Campaign, afirmou que a omissão do governador é uma demonstração de covardia política, que não apagará as marcas profundas deixadas na vida dos familiares e amigos das vítimas. Ele chamou a população para lembrar e honrar as vidas perdidas com ações concretas, e não apenas discursos vazios.
O senador Carlos Guillermo Smith, primeiro legislador abertamente LGBTQIA+ e Latinx da Flórida, criticou a declaração como um desrespeito e uma tentativa de ganhar pontos políticos às custas da dor das comunidades afetadas. Para ele, o foco deve continuar sendo a memória das 49 pessoas que perderam suas vidas e o fortalecimento da luta contra o ódio e a violência.
Contexto político e social
A postura de DeSantis se encaixa numa agenda mais ampla de ataques à diversidade e inclusão no estado, como exemplificado pela polêmica lei “Don’t Say Gay”, que restringe discussões sobre temas LGBTQIA+ em escolas. Essas ações refletem uma resistência crescente a reconhecer e proteger direitos das minorias, impactando diretamente a vida de pessoas queer e racializadas.
Além disso, esse apagamento ocorre em um momento em que outras instituições federais nos EUA também buscam eliminar referências a comunidades LGBTQIA+ da história oficial, como na remoção de nomes e narrativas transgêneros de sites do Serviço Nacional de Parques e até na retirada do nome do ativista Harvey Milk de um navio da Marinha durante o Mês do Orgulho.
Resistência e representatividade
Frente a esses ataques, a comunidade LGBTQIA+ e Latinx segue firme na luta por visibilidade, memória e direitos. Organizações comunitárias, sobreviventes e ativistas reforçam que o reconhecimento é fundamental para a reparação e para evitar que o ódio e o preconceito silenciem suas vozes.
O massacre de Pulse não é apenas uma tragédia da Flórida, mas um marco global para a luta contra a homofobia, transfobia e racismo. Relembrar e nomear as vítimas é um ato de resistência que fortalece a comunidade LGBTQIA+ em todo o mundo.
Ao ignorar essas comunidades no seu discurso, DeSantis não apaga suas histórias, mas sinaliza para o quanto a luta por direitos e reconhecimento ainda é urgente. Em meio a esse cenário, a união e a solidariedade entre as diversas identidades LGBTQIA+ latino-americanas e do mundo são mais importantes do que nunca.