Nancy Gonzalez, renomada designer de bolsas, foi condenada a 18 meses de prisão após admitir culpa em um tribunal federal de Miami por contrabandear bolsas feitas de pele de crocodilo e píton de sua Colômbia natal para os Estados Unidos. O caso, que chamou atenção pelo uso de correios para transportar as bolsas em voos comerciais para showrooms de luxo e eventos de moda em Nova York, culminou na condenação da designer na última segunda-feira.
Gonzalez, que já teve suas criações exibidas por celebridades como Britney Spears e pelas atrizes da série “Sex and the City”, foi detida em 2022 em Cali, Colômbia, e posteriormente extraditada para os EUA. Segundo o assistente do procurador dos EUA, Thomas Watts-Fitzgerald, a operação de Gonzalez era comparável à de traficantes de drogas, em termos de motivação financeira e métodos de operação. “Se você quer desencorajar a conduta, você pune o chefe, não o trabalhador”, comentou ele, destacando a gravidade do comportamento de Gonzalez.
A defesa de Gonzalez buscou clemência, descrevendo-a como uma mãe solteira e divorciada que começou sua carreira criando cintos em uma máquina de costura em casa e evoluiu para competir com gigantes da moda como Dior, Prada e Gucci. Seus advogados destacaram que ela queria provar que uma mulher, especialmente uma mulher de minoria, poderia alcançar sucesso e independência financeira.
No entanto, os procuradores argumentaram que Gonzalez adquiriu uma riqueza considerável e um estilo de vida opulento às custas da lei, utilizando até 40 passageiros para transportar suas bolsas em voos comerciais, um esquema que supostamente movimentou cerca de US$2 milhões em mercadorias nos Estados Unidos.
O juiz Robert Scola, ao proferir a sentença, levou em consideração os quase 14 meses que Gonzalez passou em condições severas em uma prisão colombiana aguardando extradição. A designer, que atualmente está em liberdade condicional na casa de sua filha em Miami, deverá se apresentar em 6 de junho para iniciar sua pena.
Este caso destaca os desafios enfrentados no comércio internacional de produtos de espécies protegidas, como crocodilos e pítons, que embora criados em cativeiro, requerem autorizações específicas para importação conforme o tratado internacional CITES, que regula o comércio de espécies ameaçadas. Este incidente não apenas encerra uma carreira brilhante no mundo da moda mas também serve como um lembrete severo das consequências legais de desrespeitar as regulamentações internacionais de conservação.
