Jean-Claude Pongault Elongo, um ativista e artista congolês, está liderando uma iniciativa importante no Congo para ‘desocidentalizar’ a luta pelos direitos LGBT. Ele enfatiza a necessidade de valorizar identidades africanas e narrativas locais na busca por igualdade sexual e de gênero, em oposição à predominância de vozes do Norte global. Fundador da organização Coeur-Arc-en-ciel, Pongault propõe um retorno às histórias e tradições africanas, utilizando a arte como uma ferramenta essencial para promover a conscientização e a prevenção em relação ao HIV e à violência de gênero.
A organização, que começou suas atividades em 2016, se destaca como um dos poucos grupos no Congo focados em minorias sexuais. Pongault critica os termos ocidentais como ‘LGBT’, alegando que eles não refletem a diversidade e a riqueza das experiências africanas. Em vez disso, ele propõe o uso de terminologias locais que já estão presentes nas línguas africanas, como ‘nganga tchibanda’, que se refere a um sacerdote vestido de mulher.
Para fortalecer sua abordagem, Pongault e sua equipe desenvolveram o ‘plaidoy’art’, um concurso de arte ativista que visa criar narrativas que abordem as realidades congolesas. Através do cinema, eles estão produzindo um filme intitulado ‘Michel.le.s’, que retrata a vida de um jovem gay em Brazzaville, abordando dilemas como a rejeição familiar e a luta pela aceitação.
Pongault acredita que a desocidentalização é um passo crucial para reapropriar uma subcultura queer indígena e valorizar o rico patrimônio cultural africano, como a rumba congolese. Ele argumenta que a luta por direitos LGBT não deve ser vista como uma ação retrógrada, mas como uma reinterpretação do que significa ser gay na África, desafiando a narrativa colonial que muitas vezes define essas identidades.
Em seu trabalho, ele também destaca a importância do teatro como um meio eficaz de comunicação e conscientização, permitindo que as pessoas se conectem através da música e da dança. Através dessas iniciativas, Pongault busca não apenas visibilidade, mas também um espaço para a expressão autêntica das experiências LGBT na África Central, provando que a luta pela igualdade é universal, mas deve ser contada através das vozes locais.