Sempre que perguntam a razão de eu ser dyke, costumo responder com outra pergunta:
– Qual a fruta ou comida que você não gosta de jeito nenhum? Dessas de que você recusa só de pensar.
Inicialmente todos ficam com cara de ué e muitas vezes eu tenho que refazer tão simples questionamento. Sempre respondem uma fruta exótica ou um tipo de alimento que detestam até o cheiro, tipo camarão ou jiló. Os vegetarianos sempre respondem, obviamente, carne.
E depois de respondida a pergunta eu faço outra:
– E você não gosta dessa fruta porque não quer gostar, ou simplesmente não te agrada o gosto, o cheiro, a aparência etc?
Onde quero chegar é que o fato de não gostarmos de uma fruta é exatamente o motivo o qual uma dyke não faz homens. A mim nada contra! Eu tenho irmãos e amigas que são casadas com homens e são felizes. Cada qual no seu cada si não? Assim como não tenho nada contra jaca (a fruta), mas simplesmente não me apetece.
Mas não gostar do gosto de algo não é exatamente não querer gostar daquilo. Ninguém escolhe não gostar, simplesmente gosta-se ou não de uma coisa. Eu não escolho gostar das coisas, elas naturalmente são definidas pelo meu corpo e minha mente.
Pois é, eu gosto de mulher porque me agrada, me faz feliz. E não gosto de homens porque o cheiro, o gosto, a aparência não me inspira. E ninguém é masoquista o bastante para insistir em comer jaca porque jaca é mais natural, faz bem para a saúde e as pessoas vão gostar mais de você, porque você gosta de jaca não é?
Então gosto não é escolha, é pura e simplesmente, gosto. E diz a boa educação que não se discute. Mas eu não me lamento.