No próximo mês, a maior boate gay do Nordeste completa 7 anos. É um tempo danado para um clube do gênero. Por trás desse sucesso, há uma mulher, que conseguiu virar uma atração da casa.
A empresária Maria do Céu, 42 anos, é uma irreverência só. Em uma festa, ela se montou de Amy Winehouse. Ela é dona da Metrópole, uma instituição do lazer gay no Recife.
São três andares, duas pistas, oito bares, seis banheiros, um palco, além de uma imensa área ao ar livre com piscina. No fim de semana bom (sexta e sábado), passam quase 3.000 pessoas por lá.
Mãe de quatro filhos (um é DJ), a dona da Metro (como também é conhecida) aponta razões para a longevidade: ouvir as críticas do público, respeitar seus gostos e necessidades e tentar surpreendê-lo com novidades.
Exemplo: nada pior do que descolar uma paquera na pista e, na hora de sair para um momento íntimo, encontrar filas gigantescas para pagar a conta. Isso mata qualquer tesão.
Para acabar com as reclamações, ela criou uma moeda da boate, o “real pink”, um cupom equivalente a R$ 2 que o cliente compra logo na entrada e usa para pagar as bebidas. A medida também reduziu o prejuízo com perda de comanda. Em SP, quem adotou algo parecido foi o Vegas.
A mudança da rotina de pagamento também causou chiadeira e menor consumo de bebidas no início, mas a empresária diz que a novidade
acabou sendo entendida e aceita.
Para encher a boate, Maria do Céu fica ligada no que seu público quer ouvir. Sem preconceitos musicais, ela colocou um DJ para tocar um pancadão na segunda pista, no primeiro andar.
No começo, a empresária ficou em dúvida sobre a reação dos frequentadores fãs da música eletrônica da pista principal. Mas descobriu uma curiosidade: “Alguns dizem que não gostam de funk, mas acabam subindo porque sabem que o babado é certo lá.”
Os vips também recebem um tratamento especial. Como a casa evita que se transite com copos ou garrafas de vidros, Maria do Céu criou uma espécie de “clube do uísque”. Os clientes especiais ganham uma chave para guardar suas bebidas preferidas em um compartimento fechado de vidro.
A Metro possui até um fumódromo. Na cobertura da casa, foi criado um bar ao ar livre, com mesinhas e paredes decoradas com cenas de voyerismo em prédios.
Antes de virar rainha da noite gay, a empresária trabalhou com marketing e hoje estuda psicologia. Curiosa, ela já chegou a ir a sauna, como a TBV (Termas Boa Vista, a maior da cidade). Também sofreu preconceito, como pichação em banheiro de que era “sapatão”. De bem com a vida, a empresária tenta levar os rótulos na brincadeira.
No sábado do pancadão, estava lá Maria do Céu, toda de branco, no meio da pista, dançando com todo gás. Pergunto se seu público bebe demais. Cheia de tiradas, ela responde sorrindo: “Aqui é a terra de Lula, aqui é a terra da cachaça.”
Rap10
1- A DJ Grá Ferreira, Vlad e Junior Britto tocam na festa Energy After na manhã do domingo dia 29 (a partir das 7h), na Cantho (Arouche). R$ 20 e R$ 15 (lista ou flyer). Mulher: R$ 30.
2- Elke Maravilha vai atacar de DJ no próximo dia 20 no clube Glória, na Bela Vista, na festa Vai!. O Dress code é modelito futurista. Entrada: R$ 35 ou R$ 25 (lista).
3- A próxima “Junior” deve trazer o modelo Junior Ferreira, que ilustrou o horóscopo da “Dom” em março de 2008 e calendário da The Week. A um blog, André Fischer cogitou lançar mais um título.
4- Reajuste em alguns cinemões de SP: de R$ 5 até R$ 7. Mais caros: República e Zen, R$ 10. Mais baratos são reduto da terceira idade: R$ 6, Dom José e Windsor (reaberto).
5- Depois de Doritos, outro comercial que irritou alguns gays é da Volks, em que um alemão censura o outro por falar “rigorosas”, e não “rigorosos”, desmunhecando os ombros.
6- No próximo dia 20, chega aos cinemas do Reino Unido a comédia de terror trash “Matadores de Lésbicas Vampiras". Por lá proibiram cartazes no transporte público.
7- Leitores me escreveram para dizer que o melhor sósia de Zac Efron é uma mulher, a atriz Daniela Sea, o transexual Max da série “L Word”. O lolito Brent Corrigan que se cuide!
8- Não é mais dada palestra educativa para quem procura o primeiro centro que realiza testes de HIV em São Paulo, o CTA Henfil, no Anhangabaú. Como fazer a prevenção?
9- Sem aviso antecipado, o programa Zoom, da TV Cultura, exibiu na madrugada do dia 14 “Amanda e Monick“, documentário sobre uma travesti professora e lésbica grávida de outra travesti no interior da Paraíba. O diretor André Costa quer emplacar o filme em mais festivais.
10- R$ 600 é o valor do cachê pago por uma produtora no Brasil para um homem dotadão se masturbar diante das câmeras em filme pornô. Mostrando a cara também, é claro.
* Sérgio Ripardo é jornalista e autor do "Guia GLS SP" (Publifolha). Fale com ele: http://sergio.ripardo.blog.uol.com.br/