Gays são incansáveis quando o assunto é atendimento. São teimosos e fazem qualquer coisa para conseguir o objeto do seu desejo. Uma das categorias mais batalhadoras enfrenta o maior dos desafios: transar com a namorada do bofe almejado para convertê-lo. Isso é mais comum do que se imagina. Conversei com quem conseguiu a façanha.
Antes de embarcar numa aventura assim, é preciso ter o mínimo de esperança de que o bofe alimenta a sua aproximação. Hoje as mulheres (só as pragmáticas e inteligentes) estão cada vez mais conscientes da bissexualidade dos seus homens. A bicha só quer tirar uma casquinha. Mas cuidado para não se apaixonar e colher a maior dor de cotovelo.
Na realidade, esse perigoso jogo de sedução envolve o risco de a bonita se apaixonar por você também. Aí será um big problem, porque dispensar uma mulher é sempre uma tarefa muito delicada e chata de se executar. Elas grudam excessivamente, são possessivas e usam até da chantagem (como chorar) para amolecer o seu coração.
Mas vale a pena sentir o gostinho de traçar o bofe da amiga. É como o pico do monte Kilimanjaro. Poucos gays vão passar por isso na vida e realmente é um tipo de vitória que levanta a autoestima de qualquer um e prova para você com todas as letras que a persistência é uma das principais características das pessoas bem-sucedidas.
Na hora da ménage, não se retraia. Com o casal topou estar ali, não se faça de tímida e deixe bem claro qual é seu foco de atenção. Comece vendo se o bofe deixa beijar, depois tome as rédeas da suruba e vá imprindo a sequência das posições. Tente distrair a mulher com um dedinho ou um peitinho. Elas adoram isso. Finja um pouco de carinho.
Com o bofe, tente impressioná-lo com o melhor que você sabe fazer. É preciso conseguir executar com perfeição o duplo twister carpado. Se tudo sair como o planejado, esse bofe vai te ligar ou mandar aquela mensagem pedindo repeteco – desta vez só vocês dois.
Como a maioria da humanidade não dispõe de armas da beleza estonteante para fisgar o maior dos peixes, é preciso colocar a cachola para pensar na melhor estratégia. Entre as histórias que ouvi, a que considerei mais efetiva: consiga uma namorada antes e se aproxime do outro casal. Em geral, uma lésbica enrustida que cuide da parceira do seu bofe desejado. Hoje, um dos truques mais usados é fingir namoro com amiga sapatão para entrar, com um pouco de dignidade, no universo dos bofes impossíveis. Seria o mundo perfeito que as duas se acertem e você cate o homem da sua vida.
Arme o circo. Viagens a praia ou a serra (agora com este friozinho no Sul e Sudeste) são ótimas desculpas para o bote. Reserve chalés do tipo que tem quarto para duas camas de casal. É preciso ir criando intimidade antes de adotar uma tática mais agressiva. Comece se envolvendo em situações de intimidade, como ver o outro trocando de roupa ou tomando banho. Tente abordar assuntos ligados ao corpo, sobre a nutrição que ele toma para ser tão gostoso ou os significados de suas tatuagens ou pergunte se essa marca de cueca deixa o passarinho à vontade. Toque, pegue mesmo, eles gostam, se são vaidosos, e não tem nada de mais. Até entre amigos isso é comum.
Caso role um climão desagradável, finja-se de louca e vítima da dependência química, negocie um pacto de silêncio e tire o time de campo. Não foi dessa vez. Mas desistir jamais.
Teu nome é perfídia
Terminei de ver a segunda temporada da série "Damages" (aquele do suicídio do advogado enrustido). Eis as lições da advogada e diaba Patty
1. Não tenha filhos, só case com homens ambiciosos, discretos e que viajam;
2. Nunca confie em ninguém, nem na vítima, nem na testemunha, nem no juiz;
3. Todas as conversas estão sendo gravadas ou fotografadas ou filmadas;
4. No desespero de um caso, culpe a vítima ou busque um acordo, mas pechinche;
5. Conte um segredo e todos saberão, ou conte um falso segredo e descubra quem vazou;
6. Só tenha cão vira-lata, leve-o sempre pra passear… é observando o cão que se conhece o dono;
7. Tenha sempre um tio pra fazer o trabalho sujo, nunca peça detalhes a ele;
8. Ouça as pessoas, elas precisam de atenção, mesmo que depois você esqueça o que elas falaram;
9. Há sempre um inimigo ao nosso lado e é sempre quem você menos espera;
10. Na hora da fuga, tenha sempre óculos escuros. Nunca use sapato branco no local de um crime.
* Sérgio Ripardo é jornalista e autor do "Guia GLS SP" (Publifolha). Fale com ele: http://sergio.ripardo.blog.uol.com.br.