Reunidas em torno do tema “Mulheres feministas anticapitalistas em luta por igualdade, autonomia e soberania popular!”, mais de cinco mil mulheres devem participar do ato-passeata que marcará o Dia Internacional da Mulher este ano em São Paulo. A manifestação reunirá mulheres de segmentos diversos da sociedade, vindas de todas as regiões metropolitanas e de algumas cidades do interior, e será contra o imperialismo, o neoliberalismo, o machismo, o racismo, a lesbofobia e todas as formas de fundamentalismo.
A concentração começará às 10h30, na Praça Ramos, em frente ao Teatro Municipal, com passeata a partir das 12h por algumas ruas do centro. O ato será marcado por intervenções culturais, música, teatro e dança. Numa ação simbólica, a Praça do Patriarca será rebatizada de “Praça da Matriarca”, onde o ato das mulheres deve encerrar-se no início da tarde.
“Queremos construir um mundo livre de exploração, opressão e discriminação, onde o fato de ser mulher, negra, indígena, lésbica, jovem, idosa ou com deficiência seja apenas um elemento da diversidade e corresponda ao direito à diferença, e não motivo para preconceito ou desigualdade”, afirma a convocatória da manifestação.
Todos os anos, centenas de organizações feministas e movimentos sociais vão às ruas no Dia Internacional da Mulher para mostrar à população que o 8 de março é um dia de luta para as mulheres. Entre as bandeiras reivindicadas historicamente pelo movimento feminista estão a legalização do aborto e a defesa de um Estado laico, democrático e com justiça social, que garanta atendimento digno à saúde integral das mulheres, hoje ameaçada pelas iniciativas de privatização do SUS.
As mulheres também vão às ruas para afirmar seu direito de viver sem violência doméstica e sexual. Elas pedem políticas públicas de prevenção à violência, o cumprimento da Lei Maria Penha, assim como equipamentos públicos como centros de referência à mulher, delegacias e casas-abrigo. Este ano, os movimentos farão uma crítica ao governador de São Paulo, José Serra, que vem se negando a assinar o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres.
Outra pauta dos movimentos é a defesa de uma reforma da previdência que mantenha e amplie dos direitos das mulheres, incluindo as donas-de-casa e as trabalhadoras em situação de trabalho informal. As feministas defendem a manutenção da diferença de 5 anos entre homens e mulheres para aposentadoria e o fim do fator previdenciário, que, na prática, reduz a aposentadoria das mulheres. A luta pela valorização do salário mínimo e o combate à divisão sexual do trabalho também estarão presentes na manifestação do 8 de março.
Em diálogo com a luta de outros movimentos sociais, as mulheres irão às ruas em defesa da democratização dos meios de comunicação, da reforma agrária, da soberania alimentar, dos processos de integração regional e de uma política econômica que negue o superávit fiscal e primário e o pagamento da dívida. As mulheres se manifestarão ainda contra os processos de privatização em andamento, contra as transnacionais, os transgênicos, o agronegócio e o projeto de desenvolvimento do biodiesel brasileiro, que ameaça o consumo interno de alimentos e as pequenas agricultoras. Contra as guerras, que atingem sobretudo as mulheres, elas seguirão exigindo a retirada imediata das tropas brasileiras do Haiti.
Sobre o 8 de março
O Dia Internacional da Mulher é um dia de luta em todo o mundo, fruto da mobilização de operárias no início do século passado. Sua celebração foi proposta por Clara Zetkin, na II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em 1910, e a partir de então foi comemorado em diferentes datas. Em 1922, passou a ser celebrado no dia 8 de março, data em que as operárias russas deram início às mobilizações da Revolução de 1917.