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Dia Mundial do Orgulho Gay: no Brasil nada a comemorar, mas muito a lamentar

O dia de hoje, 28 de junho, que por conta do levante de Stonewall (EUA – NY), ocorrido em 1969, quando homossexuais não aguentavam mais ser humilhados por policiais e resolveram enfrentá-lo, ficou marcado como uma data de luta política pelos direitos civis da comunidade homossexual, que hoje é reconhecida pela sigla LGBT – Lésbicas, gays, bissexuais, Transexuais e Travestis.

Neste ano de 2012, infelizmente, dois fatos negativos marcam a data: o espancamento de irmãos gêmeos, em Camaçari, por oito homens que os “confundiram” com um casal gay, uma das vítimas faleceu; e a audiência pública no Congresso Nacional organizada pelo deputado João Campos (PSDB – GO), que visa debater a derrubada de dois dispositivos que proíbem os psicólogos de "tratarem homossexuais".

O mais impressionante é que já se tornou redundante falar sobre o silêncio omisso dos governos municipais, estaduais e do governo federal frente a estes casos de barbárie gritante.  Agora, em um novo grau: homens heterossexuais que trocam afetos com seus amigos ou parentes em público e são vítimas do ódio crescente ao afeto entre iguais em espaço público.

Afinal, não se deve esquecer o caso ocorrido no ano passado no interior de São Paulo, em São João da Boa Vista, quando pai e filho estavam abraçados e foram espancados por agressores que também suspeitaram se tratar de um casal gay.

Na medida em que o responsável pelas diretrizes de políticas públicas em torno da segurança e dos direitos humanos resolve se calar ou destinar parcas verbas para tais ações, deixa claro que não é prioridade estancar o que já pode ser classificado como um surto homofóbico que se alastra pelo Brasil afora. O mais grave é que o próprio governo federal possui mecanismo de denúncia de crimes de intolerância, o Disk 100, antes a desculpa era a de que não havia dados "oficiais".

Para além do Executivo Nacional, o Congresso também é exemplo de omissão. Se conservadores conseguem fazer tanto barulho é por que a resposta dos que se dizem apoiadores da pauta LGBT não está à altura.

Até por que não será apenas com Erika Kokay (PT -DF), Jean Wyllys (PSOL – RJ), Manuela D'ávila (PCdoB – RS, agora licenciada) e com a senadora Marta Suplicy (PT – SP) que as pautas vão avançar. O PLC 122/06 está perto de completar uma década de trâmite; a lei da união civil cria bolor desde 1995 e todas as outras pautas não avançam. Ou seja, a parcela sexista e homofóbica da sociedade é legitimada pelo poder legislativo brasileiro, que é omisso.

O governo federal anuncia que vai lançar em agosto novo plano de combate à homofobia, é ver pra crer. Na semana passada o crime contra Alexandre Ivo, vítima fatal da homofobia aos 14 anos, completou dois anos e o seu caso segue sem solução.

Há um ano, ao vetar o Kit Escola Sem Homofobia, projeto que tinha como objetivo a mexer na raiz do problema, a presidenta Dilma Rousseff disse que não seria permitido "a promoção de nenhuma orientação sexual". Porém, está na hora da presidenta calcular que o silêncio omisso do governo e a relação permissiva deste com a bancada fundamentalista tem sido a responsável pela promoção de crimes de orientação homofóbica ao redor do Brasil, um crime que por hora só tem vítimas.

Portanto, neste 28 de junho, se colocarmos na balança, não há nada para comemorar, mas sim há lamentar.

*Colaboração para o site A Capa

 

 

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