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Direto da Berlinale: Os fervos e bafos das festas privadas do Festival de Berlim

A Berlinale já está entrando na reta final. A maioria dos profissionais da indústria aqui reunidos volta pra casa entre hoje e amanhã. Quem ainda tinha negócios a fazer no European Film Market aproveitou o dia de hoje já que, a partir de amanhã, só fica na cidade quem tem filme na competição, imprensa e pessoas que, como eu, querem aproveitar para assistir a mais filmes, agora que estamos com agenda mais livre.

Pra muita gente é um alívio voltar pra casa depois de uma semana intensa de trabalho, festas e pouquíssimas horas de sono. Sim, quem trabalha nessa área precisa saber dosar muito bem trabalho e diversão. Cocktails, happy hours e festas fazem parte do negócio, mas se você não fizer uma seleção volta destruído pra casa. Sem contar com as manhãs ressaquentas. Além disso, a maioria das festas são By Invitation Only. Portanto, conseguir os convites também demanda uma certa energia!

O festival já começa com uma grande recepção que este ano aconteceu no Berlinale Palast, onde acontecem as premières dos filmes da competição. No subsolo, há um espaço para festas e recepções que remete ao interior de um castelo medieval. Ou coisa parecida. Nessa recepção é oferecido jantar com pelo menos dois cardápios preparados por chefs da cidade. A bebida rola solta e há uma pista onde eventualmente você vai ver a Cate Blanchett se jogando, como me aconteceu há dois ou três anos. Mas normalmente os VIPS ficam em áreas reservadas.

Há também as festas oferecidas pelos estúdios, grandes produtores e distribuidoras, como por exemplo a festa da Columbia Pictures, que se não em engano aconteceu este ano no domingo. Essas são, na minha opinião, as mais chatas. As locações são glamourosas e há muita bebida. Depois de certa hora, o povo se joga mesmo. Mas existe coisa mais sem sex appeal do que ver um bando de héteros na meia-idade dançando?

Festas e recepções oferecidas por instituições culturais, agências nacionais de cinemas e embaixadas são obrigatórias se você quer ser visto pelas pessoas do seu país no Festival de Berlim. A festa oferecida pelo Cinema do Brasil, organização que reúne produtoras, distribuidoras e festivais brasileiros, é sempre muito disputada. Apesar de ser um pouco careta, não deixa de ser divertido se jogar na caipirinha com amigos estrangeiros ao som daqueles sambinhas babas.

Você pode também ir na festa de um país amigo. Escolha apenas um país, pois a maioria dessas festas tem open bar. Tem também as festas dos filmes que fazem parte do festival. Essas geralmente são mais seletas e consequentemente mais interessantes, tenham elas um perfil mais high profile, como a festa do "The Future", novo filme da Miranda July, ou produções mais modestas. Essas geralmente fazem festas em parceria com outras produções do mesmo porte, como por exemplo a festa que celebrou a première do documentário sobre o Bruce LaBruce ("The Advocate of Fagdom") e do documentário tailandês The Terrorists", produzido por Jürgen Brünning, produtor de todos os filmes de Bruce.

Finalmente tem a lendária Teddy Award Party. Para celebrar os 25 anos, o Teddy Award recebe seus convidados em um hangar no aeroporto de Tempelhof (já desativado), uma das locações mais hypes de Berlim, desde que suas pistas foram transformadas em parque. A arte do cartaz e dos convites (foto) é da dupla francesa Pierre & Gilles, e há várias atrações musicais e de dança previstas para a cerimônia de premiação.

Depois tem a festa, no meu caso a última da Berlinale. Essa festa já foi a mais badalada do festival, mas hoje em dia anda um pouco institucional demais. Se você está em Berlim e quer ir à festa (ela é aberta ao público e os convites custam 18 euros), fica um dica: fuja da pista principal! Procure a área para fumantes. Ali por perto há sempre uma pistinha que reúne as pessoas mais animadas. Se você tiver sorte, pode encontrar Peaches na picape ou Joey Arias dando uma palhinha. Enfim, careta ou não, o Teddy Award é o Oscar do cinema gay. E eu estarei lá.

* Suzy Capó é presidente da Festival Filmes, primeira distribuidora de filmes de temática LGBT no Brasil.

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