in

Diretores de “Dzi Croquettes” lançam campanha para levar filme ao Oscar; saiba como ajudar

Além da ousadia, ou "guerrilha" como gostam de dizer, de terem realizado o documentário "Dzi Croquetes", os diretores do longa, Tatiana Issa e Raphael Alvarez, dão mais um passo e lançam uma campanha para levar o filme ao Oscar.

Porém, tal tarefa é árdua e depende da ajuda de pessoas e admiradores do longa, que conta a história do grupo teatral "Dzi Croquettes", que subverteu a cultura brasileira em plena ditadura. Issa e Alvarez pretendem arrecadar fundos para que o filme fique em cartaz uma semana em Nova York e outra semana em Los Angeles, critério obrigatório para quem deseja inscrever um filme/documentário no Oscar.

A campanha funciona on-line e os diretores precisam, ao todo, de $ 23 mil dólares. No entanto, se o total não for conquistado, o valor doado não será debitado na conta da pessoa. Trabalha-se com uma intenção de doação que fica registrada no site. Para ajudar na campanha, clique aqui.

O documentário "Dzi Croquettes" começou sendo exibido em 2009 durante festivais. Nesta época, conquistou o prêmio de "Melhor Documentário no Festival do Rio" pelo Júri Popular e Oficial do evento. Desde então, o longa já conta com mais de dez prêmios ao redor do mundo.

O filme emociona ao contar a história do grupo tetral/musical Dzi Croquettes. O grupo era composto por 13 homens que, cobertos em pura androginia, criaram linguajar e estilo teatral próprios, que influenciam até hoje.

Liza Mineli, Beth Faria, Miguel Falabela, Pedro Cardoso e integrantes do grupo ainda dão depoimentos de arrancar lágrimas. O documentário é grandioso não apenas por resgatar uma parte da história do Brasil que andava meio esquecida, mas por mostrar que, em tempos de leis fascistas, como a criação do Dia do Orgulho Heterossexual, vivemos em tempos que parecem ser mais obscurantistas do que o vivido pelo grupo. Mesmo com censura e liberdade vilipendiadas, eles ousaram, transgrediram e marcaram época.

De Nova York, Tatiana Issa e Raphael Alvarez conversaram com a reportagem de A Capa. Na entrevista exclusiva que você confere a seguir, eles explicam como funciona a campanha e do desejo de se tornarem o primeiro documentário a chegar ao Oscar via redes sociais.

Quanto vocês precisam para exibir o filme durante uma semana em Nova York?
Tatiana Issa
: Para o documentário ser qualificado pra concorrer ao Oscar ele precisa ficar uma semana em cartaz em Nova York e uma semana em Los Angeles. Isso é de praxe. O total sai em 23 mil dólares.
Raphael Alvarez: Esse é o dinheiro pra exibir, depois a gente tem que realizar a segunda parte que é fazer campanha junto com os membros do Oscar e também fazer com que as pessoas comentem o filme. É preciso fazer um lobby. Às vezes têm documentários com grandes empresas por trás. Mas também o momento pode ajudar.

E sobre a doação?
Tatiana:
Estamos torcendo pra galera ajudar. E a gente quer deixar bem claro que 10, 20, o dinheiro pra um lanche vai ajudar a gente.
Raphael: Acho legal falar que o link do site é uma intenção de doar, o valor doado fica registrado.
Tatiana: Nós temos até o dia 24 agosto, vamos supor que a gente consiga 22 mil, esse dinheiro não vem pra gente. Só será debitado se alcançarmos o valor estipulado.

Supondo que o filme conquiste a indicação, vocês acreditam na vitoria dele?
Tatiana:
Olha, sendo lógica, não. Mas eu acredito que tudo é possível.
Raphael: Há três anos eu diria que não, mas hoje acho que há a possibilidade. Já teve documentário independente que ganhou.
Tatiana: Nós acreditamos na possibilidade. Falo isso por conta da reação que o filme causou em diversas culturas e países distintos. No Moma (Museu de Arte Moderna de Nova York), as pessoas se emocionaram e aplaudiram o filme. E são todos norte-americanos. Então isso é um bom termômetro. Outros exemplos: o filme fez sucesso na Espanha, Itália e até em países fora do ocidente.

E por que o filme emociona tanto?
Tatiana:
Apesar de contar a historia de 13 homens que faziam arte, os tópicos abordados são universais, por isso emociona culturas diferentes. No mais, nós temos que jogar as cartas e tentar.

Uma indicação já seria uma grande vitória, não?
Tatiana e Raphael:
Nossa, como seria!

Se a Liza Minelli entrar em campo vai ajudar muito né?
Tatiana:
Com certeza, pois ela pode atrair outras pessoas. No documentário ela se emocionou muito. Agora estamos organizando uma sessão pra ela e acreditamos que ela pode nos ajudar na campanha.

Quanto vocês conseguiram até agora?
Tatiana:
4 mil. (no fechamento desta reportagem, o valor já estava em $7 mil).

Querem deixar algum recado?
Tatiana:
Quero voltar a dizer que qualquer ajuda pra nós é muito bem vinda.
Raphael: Se a gente conseguir, seremos o primeiro documentário a disputar o Oscar a partir de uma campanha coletiva pelas redes sociais. Isso é fantástico.
Tatiana: Quero também agradecer o carinho das pessoas que têm deixado recado. Porém, tem muita gente achando que nós já estamos indicados e não estamos. Precisamos da ajuda de todos para que a gente faça mais esta trilha no cinema brasileiro. Já são dois anos de alegria e prêmios com este documentário, que foi feito com muita força de vontade e sem muita grana.

 

“Programa da Silvetty”: Jornalista Alexandre Adoni conta tudo sobre a cena gay de Tel Aviv

Prefeito Gilberto Kassab veta Dia do Orgulho Heterossexual