Em nota oficial a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) repudia visita do presidente/ditador do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que chega no Brasil na próxima quarta-feira, dia 06/05. A entidade ressalta que o "Brasil é um país democrático" e que o atual governo tem reconhecido a luta pelos Direitos Humanos e também a livre orientação sexual e identidade de gênero.
Porém, faz um contraponto à presença do pressença iraniano e às leis de seu país. "O Irã é um Estado que persegue e pune seus cidadãos em virtude de sua orientação sexual e que não reconhece a igualdade de gênero (perseguindo as mulheres) – e não assegura direitos fundamentais de seus habitantes – como o direito à liberdade de expressão ou de organização social, política ou partidária", diz a nota.
A entidade considera triste a presença de um presidente "que tem ganhado notoriedade mundial por suas declarações homofóbicas, sexistas e racistas". E pontua que o "Irã é um dos poucos países no mundo que ainda consideram a homossexualidade um crime, que é punido com a pena de morte. No Irã, mulheres julgadas como ‘adúlteras’ (entre outros "crimes") são apedrejadas até a morte, assim como jovens gays são enforcados pelo simples fato de amarem outros homens".
Dessa maneira, a ABGLT, que se propõe a defender os "direitos humanos, a pluralidade, a laicidade do Estado, a democracia, o princípio da igualdade e o respeito à diversidade, repudia a presença do presidente do Irã em território brasileiro". E segue dizendo que protesta contra a "presença deste senhor homofóbico e assassino de mulheres em nosso país. Convocamos o movimento LGBT a promover ações de protesto, em todo o país, nos manifestando contra Ahmadinejad".
Confira a seguir a nota de repúdio de íntegra:
Ditador homofóbico não é benvindo ao Brasil
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad estará em nosso país, em visita oficial, no próximo dia 6 de maio, quando será recebido pelo presidente Lula.
Neste momento, é importante ressaltar que o Brasil é um país democrático, que tem levado aos fóruns internacionais firmes propostas de reconhecimento dos direitos humanos, como, por exemplo, a posição de reconhecer que a livre orientação sexual e identidade de gênero são elementos constitutivos na construção de uma ordem mundial justa, baseada na dignidade e na pluralidade.
Ao contrário, o Irã é um Estado que persegue e pune seus cidadãos em virtude de sua orientação sexual e que não reconhece a igualdade de gênero (perseguindo as mulheres) – e não assegura direitos fundamentais de seus habitantes – como o direito à liberdade de expressão ou de organização social, política ou partidária.
Pior ainda, o presidente Ahmadinejad tem ganhado notoriedade mundial por suas declarações homofóbicas, sexistas e racistas. O Irã é um dos poucos países no mundo que ainda consideram a homossexualidade um crime, que é punido com a pena de morte! No Irã, mulheres julgadas como "adúlteras" (entre outros "crimes") são apedrejadas até a morte, assim como jovens gays são enforcados pelo simples fato de amarem outros homens.
Ahmadinejad consegue ser ainda mais cruel e desprezível. O presidente do Irã insiste em propagar barbaridades. Declara, por exemplo, que não existem homossexuais em seu país. E frequenta fóruns internacionais onde se notabiliza por afirmações que negam o Holocausto – um desatino histórico, que ofende a memória e a dignidade de milhões de pessoas.
Por defender os direitos humanos, a pluralidade, a laicidade do Estado, a democracia, o princípio da igualdade e o respeito à diversidade, é que a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, cuja meta é promover a cidadania e defender os direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, contribuindo para a construção de uma democracia sem quaisquer formas de discriminação, afirmando a livre orientação sexual e identidades de gênero) repudia a presença do presidente do Irã em território brasileiro.
Somos um país democrático, plural, multi-étnico, que reconhece e promove a diversidade cultural, racial e os direitos humanos. Compreendemos e apoiamos a política externa independente e soberana do governo federal, que promove uma interação sul-sul.
Mas, repudiamos veementemente a presença do ditador do Irã no Brasil.
Protestamos contra a presença deste senhor homofóbico e assassino de mulheres em nosso país. Convocamos o movimento LGBT a promover ações de protesto, em todo o país, nos manifestando contra Ahmadinejad. Cada gesto, cada protesto, cada manifestação vai se somar em uma grande corrente nacional.
Que fique claro: o Brasil é um país democrático, que promove os direitos humanos e a cidadania LGBT. Ditadores fundamentalistas não são bem-vindos aqui!
Liberdade para o povo do Irã!
Homossexualidade não é crime!
Pelo reconhecimento dos direitos humanos no Irã!
Fora Ahmadinejad!
Toni Reis
Presidente da ABGLT