Hoje o assunto é um tanto polêmico pelo que ele suscita nas pessoas, principalmente as envolvidas em tais relacionamentos, que é o da diferença de idade entre os membros do casal.
É muito comum vermos casais de mulheres onde uma é bem mais velha que a outra e parece que no meio homossexual isso não é considerado como incoerente como o é no mundo heterossexual, que quase sempre taxa mulheres que estão com homens bem mais novos de “sem vergonha” ou homens com mulheres bem mais novas de “tigrões”, ambas afirmações com sentidos pejorativos e restritivos dos termos.
Assim parece que, nesse quesito, o mundo gay é mais liberal no que concerne a preconceitos, deixando muitas vezes transparecer a uma maioria que ser gay é ser permissivo e, muitas vezes, até mesmo promíscuo, porém, mais uma vez, são rótulos que são inventados para limitarem a ação dos que levam tais títulos. O que quero que pensemos é simplesmente o que ocasiona a atração nesses casos? O que atrai na diferença de idade?
Entre mulheres e homens homossexuais parece existir o mito de que os mais velhos são mais experientes e, portanto, sabem melhor o que fazer com relação ao sexo e a vida, passando do aprendizado ao ensino e aos mais novos fica o privilégio da idade como um atrativo de poder, já que indiscutivelmente ainda possuem aquele viço próprio da tenra idade.
Psicologicamente poderíamos colocar aquelas suposições freudianas em voga dizendo que existe uma relação edípica implícita no caso e que isso não passa de uma relação frustrada entre mães e filhas (invertidamente no caso dos homens), o que não deixa de ser uma suposição. Quer dizer que eu me relaciono com uma garota mais nova porque eu tenho síndrome de mãe? Eu me apaixonei pela minha professora bem mais velha que eu porque na verdade quero minha mãe? E as mulheres mais velhas querem uma filha para cuidarem?
Gente, não fui eu que disse isso, foi Freud, se estão achando ruim compreendam, são apenas suposições, estamos aqui para pensar. O que ouço comumente e parece ser verdadeiro pelos desfechos de tais histórias é que durante o começo de um relacionamento entre duas pessoas com idades tão diferentes, a princípio as diferenças é que são o grande atrativo, já que realmente tudo é novo para ambas as situações, uma pelo lado da descoberta e do fascínio que a experiência de vida oferece e outra pela motivação em exatamente mostrar o quanto toda essa experiência é válida.
A questão da idade quase sempre começa pegar quando a pessoa mais velha, por exemplo, decide que ficar em casa e levar uma vida mais tranquila. É melhor do que ir para a balada e ficar até as 5 da manhã, ou quando a pessoa mais nova chega com aquelas questões do tipo “não sei bem quem sou ou que quero”, o que é claramente aceitável pelo próprio momento de vida que se encontra. De repente alguém de 40 namora alguém de 20 e começa a pensar: daqui há 10 anos vou ter 50 e ela 30 e aí? Como pensar em futuro? Pois bem, minhas queridas leitoras, sei que é complicado, mas tudo depende do referencial, não é?
Particularmente penso que se ambas as pessoas com suas respectivas idades díspares se atraem, que mal pode haver nisso? Na verdade o que importa a mim enquanto profissional é deixar bem claro o que é o amor e o quanto ele pode fazer bem as pessoas, porém, se existe motivos para ele não mais fazer bem, que sejam postos, e aqui o que pode não fazer bem são as incompatibilidades de quereres.
Se você está na posição de mais velha aproveite o momento e pare para pensar no quanto você pode ganhar com a relação aprendendo sobre as novas tendências mundiais e mostrando a sua parceira mais jovem como o amor compensa. E você, mocinha, pode aproveitar para perceber o que a vida ensina e o quanto isso pode ser lindamente mostrado a você pelas suas próprias experiências vividas a cada momento.
A vida é uma só, pelo menos a que temos certeza que existe, portanto, vamos vivê-la da melhor maneira possível.
* Regina Claudia Izabela é psicóloga e escreve semanalmente neste espaço. Participe, envie perguntas ou comentários para o e-mail claudia@dykerama.com.