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Divã: A família homoafetiva

Olá leitoras! Comecei está semana muito bem, após um final de semana prolongado e feliz que passei ao lado das pessoas que mais amo na minha vida: minha família. Hoje quero falar sobre a importância desse amor em nossas vidas.

Na última segunda-feira à noite, mudando de canal loucamente, acabei parando e assistindo ao programa da Oprah Winfrey, que na ocasião entrevistava a atriz e comediante americana Rosie O´Donnell. Rosie é lésbica assumida e mãe de 4 crianças, sendo 3 adotivas e 1 concebida (talvez por inseminação, não cheguei a ver a parte que falaram sobre isso) por sua ex companheira.

As duas viveram juntas por vários anos e construíram uma família maravilhosa da qual elas, muito aberta e claramente, se orgulham. A forma como uma pessoa pública como Rosie abriu sua vida pessoal me comoveu, pois ela serve de exemplo para muitas mães lésbicas que se identificam com seu modelo de pessoa e com a sua sinceridade. A atriz mostra que duas mulheres podem ser felizes e ter, como qualquer casal heterossexual, uma família.

Imagino que muitas mulheres lésbicas brasileiras passem por situações semelhantes e, de uma maneira ou de outra, acabam vivenciando caladas o que poderiam muito bem mostrar a todos com orgulho. Imagino, porém, que sejam poucas as famílias compostas por duas mães que chegam na escola dos filhos e se apresentem assim ou que saiam de braços dados no shopping center ou no supermercado do bairro. Isso acontece porque provavelmente não sabem se serão aceitas e temem por aquilo que mais amam.

Sei também que as famílias de hoje são cada vez mais diversificadas (ainda bem, pois nada mais horrível para um filho que viver com pais que brigam o tempo todo!), mas o que me deixa preocupada é a falta de amparo que vemos ainda em nossa sociedade, principalmente quando falamos em justiça e em direitos para casais homossexuais. Nossa sociedade ainda é muito preconceituosa com relação às diferenças e está deliberadamente atrasada diante de outras sociedades.

Tudo isso faz com que boa parte dessa felicidade que existe interiormente em cada uma dessas famílias fique muitas vezes escondida entre quatro paredes. Isso é triste porque nada nem ninguém deveria ter o direito de interferir na vida de uma pessoa, de um casal ou de uma família que expõe sua felicidade, que demonstra esse amor e o quanto ele é importante.

Se você entende perfeitamente o inglês, assista AQUI à entrevista. E mil desculpas àquelas que não entendem o inglês, mas em português, que eu me lembre, um exemplo público tão bonito de família constituída por duas mães só a da nossa saudosa Cássia Eller.

Beijos e até mais!

* Regina Claudia Izabela é psicóloga e psicoterapeuta. E-mail: claudia@dykerama.com.

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