Nesta semana que antecede os eventos da Parada do Orgulho Gay, gostaria de refletir um pouco com vocês sobre o tema respeito e tudo que ele envolve.
Quando pensamos em respeito, devemos pensar com amplitude no que a palavra significa, no que ela carrega consigo e é transformado em ação.
Anos e anos se passaram desde o levante de Stonewall, que foi um marco de proporção internacional na visibilidade do movimento pela liberdade de expressão da livre sexualidade. Ou mesmo do festival Mix Brasil, que foi criado no início dos anos 90 e que promoveu (e ainda promove), através de eventos culturais, um debate acalorado e sadio na promoção de direitos da camada homossexual. Porém, ainda vemos em nossa sociedade e em outras (como as islâmicas) que a aceitação das diferenças ocorre de maneira lenta e que o respeito ainda está longe de ser amplamente utilizado.
Em nosso país, acredito que a falta de uma educação de base seja o maior entrave para que a promoção de direitos seja largamente executada, e isso não só no que se refere aos homossexuais, mas a qualquer outra minoria que expresse diferença. Nos países islâmicos a religião domina a mente, o corpo e, por conseqüência, o espírito dos indivíduos, sendo quase impensável imaginar qualquer abertura para o que não está determinado pela lei.
Mas como vivemos aqui, num país que se diz democrático (porém não aceita que pessoas do mesmo sexo tenham uma união civil), devemos pensar em nossas vidas enquanto homossexuais, visualizando uma melhoria que seja possível dentro desse nosso contexto. Para isso precisamos de muita coragem e determinação. Coragem para podermos expressar aquilo que desejamos sem temermos a humilhação, coragem para podermos amar sem sermos criticados e coragem para podermos ser nós mesmos acima de tudo.
Essa coragem é conseguida através de nossa própria compreensão daquilo que nos faz bem e que nos é essencial para vivermos com felicidade. E digo isso porque sei que muitos não apresentam essa coragem dentro de si e acabam por levar uma vida onde a felicidade é apenas um substantivo num dicionário. Sabem que são homossexuais, mas negam a si mesmos essa condição por medo de não conseguirem suportar sua própria diferença diante de uma sociedade que cria estereótipos comportamentais e deseja que os mesmos sejam seguidos à risca.
Não estou culpando-os por não terem essa coragem, mas apenas questionando nossa condição neste país e o como, muitas vezes, essa mesma condição faz com que aceitemos a falta de respeito com normalidade. Por isso, além da coragem, coloquei a determinação como complemento, porque sem ela provavelmente acabaríamos por aceitarmos passivamente o que nos é imposto como regra.
Sendo assim, espero que todos esses eventos que estão por vir representem com clareza para a sociedade (e por que não a nós mesmos!) que, além de exigirmos respeito (já que somos contribuintes), queremos respeito por nossas escolhas, por nossa orientação, por nossas vidas e por tudo o mais que nos faz ser quem somos ou almejamos ser.
Boa programação a todos e até mais!
* Regina Claudia Izabela é psicóloga e psicoterapeuta. Dúvidas podem ser enviadas para o e-mail claudia@dykerama.com.