Queridas leitoras. Como não poderia deixar de ser, eu também
assisto ao tal do Big Brother e confesso que muitas questões passaram pela minha cabeça com a eliminação da Angélica. Uma delas é: será que a Rede Globo realmente manipula o programa de forma que não temos condições de mudar o resultado? Será que essas milhões de pessoas que assistem ao programa têm o poder de influir nesse resultado e, dessa forma, conseguiram manter um participante neonazista, preconceituoso e machista?
Acho tudo isso muito triste, pois fica claro que, de uma forma ou
de outra, somos ignorantes. Sim, porque se a Globo nos impõe quem ela quer que engulamos como padrão de estereótipo de homem e nós aceitamos, somos ignorantes. Se realmente existem tantas pessoas que se identificam com esse mesmo estereótipo e o coloca lá, como vencedor, por uma votação, é porque vivemos num país de ignorantes.
Não é à toa que muitos homossexuais sofrem de doenças, como a depressão, e me procuram, profundamente arrasados e descontentes com as suas vidas, porque vivemos num país onde a população finge aceitar as diferenças, finge aceitar o próximo e finge que o machismo não existe, que mulheres não apanham e que gays são livres para viverem suas vidas.
Como psicóloga, gostaria de poder ajudar mais pessoas a serem quem elas verdadeiramente são, sem medo de uma sociedade punidora, de uma família castradora e cruel, e de se sentirem culpadas por não corresponderem ao que toda essa maioria espera. Talvez minha forma de ajudar não seja grandiosa, não atinja tantas pessoas, mas me orgulho de fazer parte dos que acreditam que a educação pode sim modificar atitudes e pensamentos.
Assim, não desistam de usar suas pequenas/grandes armas para lutar individualmente por um mundo mais justo e decididamente melhor. Às vezes, dá vontade de desistir, pois a voz da maioria é grande e intimida, mas temos que ficar unidos e não nos deixar nunca calar, senão jamais teremos direito algum.
Se eu pudesse falaria para a Angélica que ela demonstrou muita
força e coragem, e que muitas outras mulheres lésbicas, assim como ela, deveriam existir, sem medo de ser feliz!
* Regina Claudia Izabela é psicóloga e psicoterapeuta. E-mail: claudia@dykerama.com.