Acredito que definições para definir a sexualidade e suas subjetividades deixam bastante a desejar. Porém, no sentido estrito do termo, lésbica é a mulher que tem relações sexuais com outra mulher, estritamente, ou seja, é a mulher que ama somente mulheres.
A palavra lésbica por sua vez vem do latim lesbius e originalmente referia-se somente aos habitantes da ilha de Lesbos, na Grécia. A ilha foi um importante centro cultural onde viveu a poetisa Safo, entre os séculos VI e VII a.C., muito admirada por seus poemas sobre amor e beleza, em sua maioria dirigidos às mulheres. Por esta razão, o relacionamento sexual entre mulheres passou a ser conhecido como lesbianismo ou safismo.
As grandes duvidas são: Sou casada com um homem e tenho uma amante, sou lésbica?; Tenho uma namorada, mas fico de vez em quando com homens, sou lésbica?; Eu nunca fiquei com uma mulher, mas meus pensamentos e desejos sexuais são somente por mulheres, sou lésbica?
A grande questão aqui é a definição para si mesma do ser lésbica e do sentir-se lésbica, o que vejo é que muitas mulheres temem serem chamadas de lésbicas porque têm internalizado em seus seres o medo, e por que não dizer preconceito com relação a homossexualidade.Temem sofrerem com o desprezo da sociedade.
Mas a definição da expressão lésbica é necessária?
Se partirmos do principio que seremos respeitadas e vistas como seres “normais” nesta sociedade somente quando nós mesmas nos respeitarmos e nos assumirmos enquanto mulheres com uma identidade lésbica, sim, é necessária.
Se você é uma mulher casada com um homem e transa com uma mulher você não deixa de ser uma lésbica, porém seria mais adequado que disséssemos que você tem uma orientação bissexual, mas uma parte de seu ser é lésbica.
Se você nunca ficou com uma mulher, mas só sente desejos por mulheres, podemos dizer que você é uma lésbica, mesmo que seja somente em pensamento.
Acredito que quanto mais afirmarmos para a sociedade que nós existimos e somos pessoas que se diferenciam exclusivamente e somente pelo fato de amarmos outras mulheres, mais seremos aceitas e respeitadas. Cada uma de nós passa ou passou por uma formação de personalidade e caráter e nesta formação está inclusa a formação de nossa identidade.
Sei que é difícil para muitas não assumirem seja para si mesmas ou para o mundo que são lésbicas, mas a única forma de ser feliz realmente quando se é uma lésbica é se assumir como tal, porque somente assim sua identidade enquanto pessoa viverá em harmonia com o mundo e com a sociedade, uma vez que mentir para si mesmo só traz angustia e dor.
Espero que reflitam sobre isso e para as que ainda não se assumiram, mas têm certeza de sua orientação fica a frase, de Simone de Beauvoir: Não se nasce mulher: torna-se.
Grande beijo e até a próxima
* Regina Claudia Izabela é psicóloga e psicoterapeuta. Para enviar suas dúvidas, escreve para claudia@dykerama.com