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Divã: Vamos nos assumir como nação

Bom dia leitoras! Quero compartilhar com vocês e aproveitar para indicar o livro que estou lendo: “A experiência homossexual”, de Marina Castaneda, psicoterapeuta e escritora mexicana. A obra traz informações bastante pertinentes à questão da homossexualidade e da sexualidade de um modo geral e abre caminhos para várias discussões a respeito de quem somos.

Ainda sobre esse tema, quem somos e por que somos, o que me chamou bastante atenção é a forma como ela coloca a situação dos homossexuais na América Latina. Muitas vezes – já falei em meus textos sobre o machismo e sobre o quanto estamos atrasados com relação aos direitos civis -, mas devo dizer que a situação é um pouco pior do que imaginava.

O Brasil é um país que demonstrou nos últimos anos ter tido um avanço em termos econômicos e educacionais. Por outro lado, ficamos bem atrás de países como Argentina e Chile em relação ao grau de analfabetismo e da qualidade da educação. Isto se reflete na nossa sociedade, que aceita passivamente várias situações como: aumento de salários de parlamentares, catástrofes causadas por descaso dos governantes e algo que parece de menos importância, mas que definitivamente não é, a desigualdade de direitos civis existente entre casais hétero e homossexuais.

Quando digo a sociedade como um todo quero dizer também os homossexuais, que de uma forma também bastante passiva aceitam ser excluídos de seus direitos.

A pergunta é: qual é a grande diferença que temos do Chile ou da Argentina? Nossa sociedade é mais hipócrita? Somos mais católicos ou mais evangélicos? Qual é a grande questão?

articularmente, acho que nós brasileiros somos mais passivos que nossos irmãos também latinos, porque assim é mais fácil de levar a vida. Mas é isso mesmo?

Meu dever é pensar como essa postura pode nos afetar, e digo que já nos afetou, uma vez que, como disse, também somos essa sociedade, também aceitamos muitas coisas passivamente e também mentimos a nós mesmos quando achamos que a Rede Globo mostra casais gays em sua programação, seja na novela das 8 ou no Big Brother. No final, dão um jeito de sumir com eles, pois uma vez excluídos, sempre excluídos. E vamos deixar assim, para que entrar em detalhes de coisas que não valem a pena, afinal, quem é homossexual?

Talvez sejamos um país de descaracterizados e por isso não nos assumimos como nação. O que deveríamos fazer é simplesmente trabalhar nossos próprios preconceitos com relação a tudo e todos, para começarmos a sermos algo, inclusive uma sociedade civil de fato, onde palavras como cidadania e respeito sejam válidas e não passem de apenas “blá, blá, blá”.

O que eu quis com este texto foi questionar esta situação, e com ela vamos exercendo nossa vontade e – por que não -, nossa ação de civilidade. Beijos e até a próxima!

* Regina Claudia Izabela é psicóloga e psicoterapeuta. Para enviar suas dúvidas, escreve para claudia@dykerama.com.

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