Ela é simplesmente a residente da principal label party do país: a “X-Demente”. Leva uma legião de fãs atrás do seu som por onde toca. Suas produções já viraram fenômenos de pista. E em um mundo ainda dominado por homens, ela se destaca e leva o título de “DJ Woman” do Brasil. Estamos falando da DJ carioca Ana Paula, que de cima de um salto alto e sempre muito bem produzida, arrasa nas cabines do país inteiro conquistando cada vez mais e mais os amantes da noite. Confira com exclusividade uma entrevista que a nossa “DJ Woman” cedeu para o site A Capa. Primeiramente, conte-me como surgiu a “DJ Woman”. Seu gosto musical surgiu por onde e como foi essa decisão de virar DJ? A música sempre esteve presente em minha vida. Mas foi com a house music que eu me encontrei no dancefloor. Virar DJ não foi planejado, aconteceu… A minha paixão consentiu com o meu dom. E, por isso, sou muito grata por viver fazendo o que gosto de verdade. Na cena da noite GLS você é uma das DJs mais bem vistas do Brasil. A que você deve a isso? A muito trabalho, dedicação e seriedade sempre. Comecei tocando em clubes cariocas e, atualmente, já rodo o Brasil inteiro, passando por todas as regiões do país. E agradeço muito o carinho do público por todo lugar em que passo. Você é residente de uma das principais festas do país. Como surgiu esse convite? Você acha que foi um divisor da sua carreira, que existe a Ana Paula antes e depois de ser residente da “X-Demente”? Trabalhei com o público mainstream durante muitos anos, cheguei a liderar o programa de maior audiência jovem do Dial. A X não apenas se tornou um divisor, mas também um presente para mim. No comando das pick-ups da X-Demente, eu cresci, aprendi e criei minha identidade. Infinitas vezes, me emocionei e me realizei como profissional – sou muito feliz por essa escolha em minha vida. Feliz e grata a Fábio Monteiro. Em uma palavra: amadurecimento. Qual a sua visão sobre a cena gay da noite hoje? Quais os pontos positivos que destacam-se e o que você acha que está faltando no mercado? Eu saio pouco e vou apenas em festas que realmente alem a pena – isso, quando não estou trabalhando. Boas opções vêm surgindo na cidade, como exemplo disso, existe a festa Elektra, na Le Boy. A produção tem investido em música de qualidade e isso é o que faz a diferença. Além desta, A X-Demente é outro grande modelo desse investimento musical, assim como a E.njoy também considera o aspecto muito importante. O que falta é o público sair mais de casa para apreciar um bom som. Sair pra dançar. Já vi ótimas alternativas de festas vazias e isso não é legal, mas, infelizmente, acontece. A ausência de um clube com o profissionalismo, a garra e a seriedade da The Week, por exemplo, faz a cena aqui no Rio de Janeiro não ter o seu devido valor. Quem sempre investe no melhor, refletindo em todos os detalhes, só terá elogios do seu público – e pensando desta maneira que faço meu som. No mercado da noite parece que virou moda virar “DJ”. Hoje em dia todos querem dominar (ou tentam) as cabines achando que basta um curso de umas 7 aulas para que possa exercer tal profissão e brigar por espaços em festas. O que você acha desses “dj’s” que se acham “DJ’s”? Bom, eu não tenho nada contra a quem faz ou fez cursos. Eu já fui aluna e já fui professora. Já formei bons alunos e outros não. Por acaso, estou formando um aluno no momento. E posso dizer que ele tem um apurado gosto musical. Esse é o maior detalhe no começo. No entanto, é difícil responder a essa pergunta por que é um ponto de vista muito particular. Existem artistas que já nascem com o ouvido sensível para a carreira, que só precisam aprimorar um pouco. E isso se estende às áreas artísticas na sua totalidade, já que sempre irá haver “os artistas” e “OS ARTISTAS”. Mas quem somos nós para julgar quem é o que? Suas produções como “RollerCoaster” já são momentos auges de pista de dança e outras já foram parar em TOP 10 de DJ’s internacionais como Offer Nissim. Como é feito esse processo de produzir uma música, quanto tempo em média leva para tal realização? Rollercoaster é do projeto House Factory. Criação minha e de Marcelo Emme. O que eu tenho, ele não tem. O que ele tem, eu não tenho. Já aprendemos muito um com o outro. A troca é a palavra-chave para o sucesso dessa produção. Somos a diferença que se harmoniza musicalmente. Parceria e sintonia perfeita. O processo é todo em cima de inspiração e muita técnica. Se não, o insight vai embora. Trabalhamos sempre com muita calma e atenção aos detalhes. Gostamos de musicalidade e peso, simultaneamente, em nossas músicas. Não nos prendemos ao tempo, mas sim a qualidade. Estou apenas começando na jornada de produção, que seja da melhor maneira e no tempo necessário. Quais DJ’s da cena brasileira você admira e é sempre um prazer dividir cabine? E da internacional, tem algum que te inspira? Na cena nacional, admiro muito o trabalho dos DJs João Neto, Renato Cecin, Pacheco, Aless e Rafael Calvente. Já analisando mundo a fora, eu tenho ouvido bastante Dr. Kucho, Freemasons e Nick Terranova. Da leva de DJ’s com pouco tempo de experiência, porém que já estão fazendo o seu sucesso, quem você acredita no potencial e acha que irá crescer cada vez mais? O DJ Ale Bittencourt, de Curitiba, vem surpreendendo o público. Cresceu e amadureceu o seu trabalho em tão pouco tempo de profissão. Ele tem um ouvido como poucos. E isso é o segredo do aperfeiçoamento dentro desta carreira. Temos em nosso mercado DJ’s reconhecidos e consagrados. Porém é raro ver um com uma legião de fãs, que os acompanha e vibram a cada festa. Como é sua relação com esses fãs que sempre te acompanham e prestigiam seu trabalho? Sou muito grata ao meu público, muito mesmo. O reconhecimento deles só me fortalece e me incentiva a fazer sempre o meu melhor. São amantes da música, como eu. A diferença entre nós é a técnica, mas o feeling é o mesmo. Meu trabalho é 100% voltado a eles. Existe uma troca de energia muito grande entre nós. Eles fazem parte da minha história. Conte-nos uma grande experiência, em alguma festa, que marcou sua carreira até hoje. X Demente de Búzios, sem dúvidas. Lá nasceu a DJ Ana Paula. Como eu trabalhei muito tempo com o mainstream, no momento em que entrei na X, ainda estava em fase de adaptação. Dei a cara à tapa mesmo. Enquanto me preparava musicalmente, apareceu este grande convite, e eu pensei: “Vai ser lá que darei a minha grande virada.” Eu já estava com um bom e atualizado repertório em mãos. Tinha chegado o que faltava – uma grande festa para eu mostrar o que existia dentro da minha case. E a Ana Paula mulher? Quando não está arrasando nas cabines o que costuma e gosta de fazer? VIVER! Dentro e fora das cabines. Adoro todos os prazeres da vida. Meu trabalho, meus amigos, cinema, pipoca, esportes radicais ou não, viagens, amo ficar em casa, rir, sorrir, acenar… Ser feliz todo dia é o lema. É da mistura dos momentos bons fora da cabine que eu tento transportar para a pista quando ela está em meu comando. Projetos Futuros? Quais novidades você pode nos adiantar? Os projetos são muitos, mas não posso divulgar ainda, senão, perde o impacto. O que posso adiantar é que mais mudanças virão…