Nestes tempos em que qualquer mané se sente a última coca-cola do deserto por figurar em alguma escala de hype social, o documentário "O Louco Amor de Yves Saint-Laurent" abre com uma cena emblemática que mostra ao mundo toda humildade do estilista.
Em uma coletiva de imprensa, em 2002, ele se despede de sua profissão, dando adeus ao mundo da moda. Reconhece que teve sorte ao ingressar no ramo da alta-costura, aos 17 anos, como assistente do lendário Christian Dior.
Ciente de seu papel na invenção de costumes e de seu talento criador, ele revê em poucas palavras toda sua trajetória pessoal e profissional, falando abertamente sobre seus problemas com drogas e destacando o glamour efêmero de um mundo carente de algo mais substancial.
Depois de mostrar outra despedida, a do mundo real, quando faleceu em 2008, o documentário de Pierre Thoretton se presta a mostrar o homem por trás da grife. Além disso, faz valer aquele velho ditado: por trás de um grande homem, há sempre outro "homem". A narrativa aborda principalmente os 50 anos do casamento e parceria do estilista com Pierre Bergé.
Em pouco mais de uma hora e meia, o filme reconstrói com maestria o percurso de um dos maiores gênios do último século. Pierre narra a história pessoal e profissional de Saint-Laurent, quando ambos se conheceram no enterro de Dior, até o leilão da coleção de arte do casal, após a morte de Yves.
De maneira bastante linear, Pierre lembra os momentos mais marcantes de sua carreira e as principais criações de Saint-Laurent, desvendando assim um pouco da personalidade daquele homem franzino e tímido que, com talento e esforço, cravou seu nome para sempre na alta costura.
"O Louco Amor de Yves Saint-Laurent" está em cartaz em São Paulo, no Frei Caneca Unibanco. Destaque para a fofa trilha sonora e para as cores vibrantes do longa. O único ponto contra vai para a exibição da legenda. Em algumas partes, em que o branco se destaca na tela, fica difícil enxergar a tradução.